Suécia/Nobel alternativo dado a ONG e ativistas da Europa, Camboja e África
Bissau, 29 Set 23 (ANG) - Duas organizações
humanitárias, do Camboja e da Europa, e duas ativistas africanas - do Ghana e
do Quénia - foram hoje galardoadas com o prémio Right Livelihood, conhecido
como o Nobel alternativo e que distingue projetos focados em problemas globais.
O movimento de defesa do ambiente Mãe
Natureza Camboja, que preserva o meio e dá formação às populações locais - como
pescadores e comunidades indígenas - ao nível da defesa dos respectivos
direitos, é um dos galardoados deste ano.
O movimento Mãe Natureza Camboja foi
escolhido "pelo seu ativismo destemido e envolvente para preservar o
ambiente natural do Camboja no contexto de um espaço democrático altamente
restrito", explicou a organização do prémio, num comunicado hoje
divulgado.
Segundo a mesma fonte, outros dos
galardoados da edição de 2023 é a organização não-governamental (ONG)
humanitária de resgate de migrantes no mar SOS Mediterranée, distinção
atribuída por causa das "operações humanitárias de busca e salvamento no
Mar Mediterrâneo" desenvolvidas por esta estrutura com sede em Berlim,
Marselha e Milão.
Esta distinção surge num momento em que o
dossiê das migrações está novamente no centro das discussões europeias.
A SOS Mediterranée foi fundada por cidadãos
europeus que fretaram um navio de resgate para salvar pessoas em perigo no
Mediterrâneo Central, considerada a rota migratória mais mortífera do mundo.
A edição deste ano do prémio Right
Livelihood decidiu ainda reconhecer duas mulheres ativistas: a ativista
ambiental queniana Phyllis Omido e a ex-ministra da Saúde do Ghana Eunice
Brookman-Amissah.
No caso de Phyllis Omido, a escolha do júri
do Right Livelihood visou destacar "a luta inovadora para garantir os
direitos fundiários e ambientais das comunidades locais" e o seu papel na
evolução da legislação ambiental.
Phyllis Omido é fundadora do Centro de
Justiça e Ação Ambiental, uma organização comunitária não-governamental que
defende o ambiente e os direitos socioeconómicos das comunidades face às
indústrias extrativas do Quénia.
Em relação a Eunice Brookman-Amissah, a
escolha deveu-se aos seus "debates pioneiros sobre os direitos
reprodutivos das mulheres em África" que, segundo a organização, abriram
caminho "para leis de aborto liberalizadas e melhor acesso ao aborto
seguro".
Os laureados da Right Livelihood de 2023
"lutam pelo direito das pessoas à saúde, à segurança, a um ambiente limpo
e à democracia", explicou o diretor executivo da organização, Ole von
Uexkull, citado no mesmo comunicado.
"Estes laureados assumem a posição de
ter uma palavra a dizer nos assuntos das suas comunidades e daqueles afetados
por políticas prejudiciais e corruptas. Cuidam das suas terras e de cada vida
humana: sejam comunidades indígenas ou pessoas que arriscam suas vidas para
chegar à segurança", sublinhou o representante.
No ano passado, os prémios foram atribuídos
às ativistas dos direitos humanos da Somália, Fartuun Adan e Ilwad Elman, à
defensora dos direitos humanos ucraniana Oleksandra Matviichuk, e ao Centro
para as Liberdades Civis que dirige, e ainda à Central de Cooperativas de Lara
(Cecosesola), uma rede de cooperativas comunitárias venezuelana que fornece
bens e serviços acessíveis em todo país.
Criado em 1980 em memória do biólogo
estoniano Jakob Von Uexküll (1864-1944), o prémio é atribuído anualmente no
parlamento sueco, sendo que os laureados deste ano serão homenageados num
evento em Estocolmo, com transmissão televisiva, em 29 de Novembro.
O júri internacional do galardão avalia
projetos e individualidades que se destacam em áreas como Proteção Ambiental,
Direitos Humanos, Desenvolvimento Sustentável, Saúde, Educação ou Paz e os
vencedores, habitualmente quatro por ano, repartem um prémio pecuniário de
cerca de 185 mil euros.
Até à data, mais de 190 nomes, oriundos de
mais de 70 países, já foram laureados com o Right Livelihood, incluindo Edward
Snowden (Estados Unidos da América), Denis Mukwege (República Democrática do
Congo) e Greta Thunberg (Suécia). ANG/Angop
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