Costa
do Marfim/Revista Jeune Afrique acusa Burkina Faso de
“ataque à liberdade de informação”
Bissau,
27 Set 23 (ANG) – A Jeune Afrique acusou na terça-feira o governo do Burkina
Faso de cometer “mais um atentado à liberdade de informação” ao suspender
“todos os meios de difusão” da revista francesa.
Num
comunicado de imprensa, a Jeune Afrique descreve a medida como “uma censura
vinda de uma outra era” e disse esperar “que os seus autores a possam
reconsiderar”, uma vez que “contribui um pouco mais para tornar a região e o
Burkina Faso em particular, numa zona de não-informação”.
“Jeune
Afrique é o mais recente meio de comunicação social alvo de ataques da junta no
poder no Burkina Faso, que tenta impor a sua ‘comunicação’”, lamentou a
organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Num
comunicado, a RSF disse que a liberdade de imprensa “está a diminuir a olhos
vistos” no Burkina Faso e apelou ao governo de transição “para que pare com
estas violações e respeite o direito à informação da população”.
O
porta-voz do governo de transição e ministro da Comunicação do Burkina Faso,
Rimtalba Jean Emmanuel Ouédraogo, anunciou na segunda-feira a suspensão da
Jeune Afrique, na sequência da publicação de artigos sobre alegadas tensões no
exército burquinense.
O
governo justificou a decisão com a divulgação de “um novo artigo falso na
página eletrónica da Jeune Afrique”, intitulado: ‘Au Burkina Faso, toujours des
tensions au sein de l’armée’ [Tensões continuam no exército do Burkina Faso,
numa tradução livre]” e publicado na segunda-feira.
“Esta
publicação segue-se a um artigo anterior da mesma publicação no mesmo sítio
Web”, divulgado na quinta-feira, sobre o alegado descontentamento crescente nas
casernas burquinesas, acrescentou o ministro.
Para
o governo, “estas afirmações deliberadas, feitas sem o mínimo indício de prova,
não têm outro objetivo senão o de desacreditar inaceitavelmente as forças
armadas do país e, por extensão, todas as forças combatentes”.
Na
noite de terça-feira, centenas de apoiantes do líder do governo, o capitão
Ibrahim Traoré, saíram às ruas da capital, Ouagadougou, para “defender” o
regime, depois de rumores indicarem que estavam em curso tentativas de
desestabilizar o executivo.
No
último ano, o regime burquinense, dirigido por militares depois de dois golpes
de Estado em 2022, suspendeu temporariamente ou por tempo indeterminado as
emissões de vários canais de televisão e de rádio e expulsou correspondentes
estrangeiros, nomeadamente de meios de comunicação social franceses.
A
decisão das autoridades do Burkina Faso de suspender a Jeune Afrique surgiu
quase um ano depois de Ibrahim Traoré ter chegado ao poder através de um golpe
de Estado, o segundo em oito meses.
Fundado
em 1960, Jeune Afrique é um órgão de comunicação social pan-africano de língua
francesa com sede em França, com vários correspondentes e colaboradores em
África e noutros locais. Tem um sítio Web de notícias e uma edição impressa
mensal. ANG/Inforpress/Lusa
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