Comércio/Presidente da República manda
padeiros vender o pão à 200 francos
Bissau,28 Set 23(ANG) - O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, mandou, quarta-feira, os padeiros tradicionais a venderem o pão á 200 francos CFA, mais caro que o preço determinado pelo Governo e em vigor desde domingo último, 24 de setembro.
Dezenas de padeiros tradicionais concentraram-se em protesto contra a medida governamental junto ao palácio da Presidência, onde foram todos recebidos no salão nobre pelo Presidente da República.Na ocasião, Umaro
Sissoco Embaló disse aos padeiros que vai falar com o Governo e outros agentes
do setor e para, entretanto, continuarem a vender o pão ao preço que estava a
ser praticado, para evitar que falte no mercado.
“Vamos chegar a um
consenso, vou chamar o Governo, antes vou ouvir quem vende, mas pão não pode
faltar. Quem quer comprar pão ao vosso preço, que vá comprar e comer, quem não
quer, não é obrigado a comprar, onde é que está o problema?”, disse Embalo aos
padeiros.
O chefe de Estado,
que não falou com os jornalistas no final da reunião, disse ainda para não
terem medo, afirmando que ninguém vai à casa dos padeiros e que enquanto ele
for Presidente da República ninguém lhes “vai tocar”.
Os padeiros estão
parados desde domingo em protesto contra a decisão do Governo de baixar o pão
de 200 para 150 francos cfa e a farinha de 29.000, o saco de 50 quilos, para
24.600 fcfa.
Desde terça-feira que o protesto se tornou mais visível e a população
está praticamente sem pão, já que são os padeiros tradicionais os principais
fornecedores, nomeadamente do pão kuduro, o mais
consumido, e as padarias industriais ficaram sem capacidade de dar resposta à
procura.
Tanto o Governo
como a associação que representa os padeiros falaram em “boicote”, mas no
encontro de quarta-feira, o presidente da mesma associação, Adulai Djaló, disse
que quem tinha falado não tinha legitimidade, nem quem fez o acordo com o
Governo.
“O pessoal que
assinou com o Governo não são padeiros,
os padeiros nunca assinaram com o Governo”, afirmou aos jornalistas.
O representante
disse que vão seguir o Presidente da República e que ainda na quarta-feira vão
trabalhar e vender o pão a 200 francos cfa.
“Quando terminarem
as negociações, ele chama-nos novamente para dizer o preço”, acrescentou.
O representante
dos padeiros deixou claro que se o saco da farinha custar mais do que 17.500
fca o pão terá que custar 200.
“Quando baixar o
preço da farinha, também baixaremos o preço do pão. Se a farinha não baixar,
também não podemos baixar o preço do pão”, vincou.
Uma fonte do
Ministério do Comércio confirmou a ANG que está em curso uma reunião com
padeiros para se encontrar consensos sobre o braço-de-ferro a volta do preço de
pão.
Os protestos de
padeiros tradicionais surgem duas semanas depois do anúncio pelo Governo do
consenso alcançado com padeiros e o importador de farinha de trigo, para a
redução do preço de pão junto do consumidor. Entretanto os panificadores
industriais estão a vender ao preço estipulado pelo o Executivo. ANG/O Democrata/lusa
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