Nova Iorque/RDC pede retirada acelerada
das forças da paz
Bissau, 21 Set 23 (ANG) - O Presidente da
República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, apelou na ONU para uma
retirada acelerada das forças de manutenção da paz no país, a partir do final
de 2023, lamentando a ineficácia perante os grupos armados.
"Chegou o momento de o nosso país
tomar o seu destino nas suas próprias mãos e tornar-se no principal ator da
própria estabilidade", afirmou Félix Tshisekedi, quarta-feira, na
Assembleia Geral da ONU.
Para o efeito, disse, a retirada gradual da
missão de manutenção da paz da ONU (Monusco) e de mais de 15 mil capacetes
azuis "é um passo necessário para consolidar os progressos já
alcançados".
O governante lamentou que as missões da
ONU, presentes há quase 25 anos na RDC, "não tenham conseguido fazer face
às rebeliões e aos conflitos armados que dilaceram o país e a região dos
Grandes Lagos, nem proteger as populações civis".
Desde 2020, o Conselho de Segurança da ONU
iniciou uma retirada cautelosa, aprovando um plano de saída gradual que
estabelece parâmetros gerais para a transferência das responsabilidades das
forças de manutenção da paz para as forças congolesas, com a previsão de
arrancar, em 2024.
No entanto, o Presidente congolês insistiu
que "este plano de retirada faseada, responsável e sustentável" da
Monusco "é anacrónico", afirmando ser "ilusório e
contraproducente continuar a agarrar-se à manutenção da Monusco para restaurar
a paz" na RDC.
O Presidente pediu ao seu Governo para
encetar conversações com a ONU sobre "a retirada acelerada da Monusco da
RDC, antecipando o início desta retirada gradual para Dezembro de 2023, mês das
próximas eleições.
Um pedido nesse sentido foi enviado ao
Conselho de Segurança, no início deste mês, e as discussões estão em curso.
Em Junho passado, numa reunião do Conselho
de Segurança, os Estados Unidos advertiram contra uma retirada
"precipitada" da missão, argumentando que o país não está preparado
para tal até ao final deste ano.
Estas discussões sobre a retirada da
Monusco surgem numa altura em que a ONU tem enfrentado uma série de ataques e
manifestações contra a presença das suas forças de manutenção da paz no país.
No final de Agosto último, a repressão de
uma manifestação contra a ONU causou a morte de cerca de 50 pessoas, em Goma,
no leste do país.
Félix Tshisekedi insistiu que
"acelerar a retirada da Monusco está a tornar-se num imperativo para
aliviar as tensões" entre a missão da ONU e a população. ANG/Angop
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