Brasil/Lula da Silva diz que fome é a
mais degradante das privações e insta líderes do G20 a combatê-la
Bissau,
25 Jul 24(ANG) – O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, apelou
hoje aos líderes do G20 para agirem em conjunto para encontrar soluções
sustentáveis capazes de erradicar a fome globalmente, que classificou como
"a mais degradante das privações humanas".
“A
fome é a mais degradante das privações humanas. É um atentado à vida, uma
agressão à liberdade”, disse Lula da Silva numa reunião do G20, onde apresentou
a Aliança Global contra a Fome a Pobreza, proposta do Brasil, que lidera o
grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Africana e União
Europeia.
Logo
no início do seu discurso, Lula da Silva afirmou que o projeto de uma Aliança
Global contra a fome e a pobreza é um dos pontos altos do seu terceiro mandado.
“Participar
dessa reunião ministerial que lança as bases para a Aliança contra a Fome e a
Pobreza, é um dos momentos mais relevantes dos 18 meses deste meu terceiro
mandato. Neste espaço tão simbólico – o Galpão da Cidadania – damos um passo
decisivo para recolocar esse tema de uma vez por todas no centro da agenda internacional”,
disse o Presidente brasileiro.
Aberta
a todos os países, a iniciativa pretende coordenar ações e parcerias técnicas e
financeiras para apoiar a implementação de programas nacionais nos países que
aderirem e ainda o financiamento de políticas públicas para a erradicação da
fome e da pobreza no mundo.
Lula
da Silva considerou "estarrecedores" os dados divulgados quarta-feira
pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
sobre a insegurança alimentar no mundo.
O
número de pessoas que vivem com fome no planeta aumentou em mais de 152 milhões
desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de
pessoas) está subnutrida, segundo a organização.
Lula
da Silva criticou os super-ricos e citou as crises que tem afetado o mundo, a
pandemia de covid-19, conflitos armados que interrompem a produção e
distribuição de alimentos, eventos climáticos extremos, protecionismo e
subsídios agrícolas como causas da fome e da pobreza, mas referiu que não
resultam apenas de fatores externos, mas sim “de escolhas políticas porque o
mundo produz alimentos mais do que suficientes" e, portanto, falta um
esforço global para “criar condições de acesso aos alimentos”.
“A
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza nasce dessa vontade política e desse
espírito de solidariedade. Ela será um dos principais resultados da
presidência brasileira do G20. O seu objetivo é proporcionar renovado impulso
às iniciativas existentes, alinhando esforços nos planos doméstico e
internacional”, explicou o chefe de Estado brasileiro.
A
Aliança lançada pelo Brasil, disse, será gerida com base num secretariado
alojado nas sedes da FAO em Roma e em Brasília, com uma estrutura pequena,
formada por pessoal especializado e funcionará até 2030, quando será desativada.
“Metade
dos custos serão cobertos pelo Brasil. Quero registar a minha gratidão aos
países que já se dispuseram a contribuir com este esforço. A Aliança tampouco
criará fundos novos. Vamos direcionar recursos globais e regionais que já
existem, mas estão dispersos”, apontou o Presidente brasileiro.
Lula
da Silva afirmou ainda que recebeu com satisfação os anúncios feitos pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo Banco Africano de
Desenvolvimento, que estabelecerão um mecanismo financeiro para o uso do
capital híbrido dos Direitos Especiais de Saque em apoio à Aliança Global
Contra a Fome e a Pobreza.
“É
gratificante saber que a segurança alimentar será um tema central na agenda
estratégica do Banco Mundial nos próximos anos e que a Associação Internacional
para o Desenvolvimento fará nova recomposição de capital para ajudar os países
mais pobres (…) A Aliança Global nasce no G20, mas é aberta ao mundo”,
concluiu.
A
ideia é que cada país elabore o seu próprio plano e defina as suas metas de
combate à fome e à pobreza, e que a Aliança ajude a cumpri-las com
dotações financeiras e também com tecnologias e conhecimentos.
A
iniciativa começou a ser discutida na cimeira dos chefes de Estado do G20 do
ano passado, em Nova Delhi, quando os membros do grupo aceitaram a proposta de
Lula da Silva de incluir pela primeira vez o tema da erradicação da fome na sua
agenda. ANG/Inforpress/Lusa
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