Sociedade/Organizações da Sociedade civil alerta contra afronta à vida das mulheres
Bissau,18
Jul 24(ANG) - Nove organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau
insurgiram-se contra um dirigente político que recentemente afirmou que a
criminalização da prática da Mutilação Genital Feminina visa “exterminar uma
prática cultural” no país.
A excisão é crime desde 2011 e as organizações alertam que o posicionamento de Malam Camará é uma afronta à lei e à vida das mulheres.
Nove
organizações, entre as quais a Liga Guineense dos Direitos Humanos e o Comité
Nacional Contra as Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e Criança, afirmam-se
indignadas com o pronunciamento do dirigente político Malam Camará, conhecido
como “Moro”.
Este
político afirmou recentemente que é contra a lei que criminaliza a Mutilação
Genital Feminina e disse que é “uma lei que visa exterminar uma prática
cultural”. Malam Camará anunciou a sua intenção de lutar para que a lei
seja revogada, treze anos depois de ter sido aprovada pelo parlamento.
“Estas
declarações retrógradas, repugnantes e insensíveis aos graves danos físicos e
morais da MGF acontecem sensivelmente dois meses após a [transferência] para
Portugal de uma criança de apenas seis anos de idade submetida à infibulação,
uma das formas mais brutais da MGF e que se encontrava em estado bastante
crítico”, lê-se no comunicado das nove organizações.
As
organizações da sociedade civil subscritoras do comunicado lembram que a
prática “é rigorosamente proibida” na Guiné-Bissau e temem o efeito
contágio da Gâmbia, onde recentemente um partido insurgiu-se também contra a
lei que criminaliza a mutilação genital feminina.
O
comunicado é assinado pelo Comité Nacional Contra as Práticas Nefastas à
Saúde da Mulher e Criança, Liga Guineense dos Direitos Humanos, Rede Nacional
de Luta contra Violência no Género e Criança, Associação Guineense de Mulheres
Juristas, Associação de Amigos da Criança, Associação de Mulheres Profissionais
da Comunicação Social, Rede de Defensores dos Direitos Humanos, AJUFESS e Fórum
de Reflexão de Quadros Muçulmanos.
O
parlamento guineense aprovou em 2011 a lei que criminaliza a prática da
Mutilação Genital Feminina, que, segundo dados do Governo e da UNICEF, atinge
cerca de 49% de mulheres e raparigas da Guiné-Bissau.
A MGF inclui a remoção parcial ou total do clítoris (excisão), ou mais amplamente dos órgãos genitais externos, ou qualquer outra lesão dos órgãos genitais. Para além da dor e do trauma, pode ter consequências graves: infecções, hemorragias e, mais tarde, infertilidade e complicações no parto.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário