Itália/PM considera China fundamental para paz e
estabilidade no mundo
Bissau, 29 Jul 24 (ANG) – A primeira-ministra italiana, Giorgia
Meloni, destacou hoje o papel da China para garantir a paz e a segurança
internacional durante um encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, em
Pequim.
"Existe crescente
insegurança a nível internacional e penso que a China é inevitavelmente um
interlocutor muito importante para lidar com todas estas dinâmicas, partindo
dos nossos respetivos pontos de vista, a fim de refletirmos em conjunto sobre a
forma de garantir estabilidade, paz e o comércio livre", afirmou Meloni,
citada pela agência noticiosa ANSA.
Meloni sublinhou ainda a
necessidade de relações comerciais equilibradas durante o encontro com Xi.
"Penso que Itália
também pode desempenhar um papel importante nas relações com a União Europeia
(UE) para tentar criar relações comerciais tão equilibradas quanto
possível", afirmou.
A Itália e a UE no seu
conjunto têm um défice comercial significativo com a China.
Em 2023, o défice do
comércio de mercadorias da UE com a China situou-se em 291 mil milhões de
euros, o que representou uma queda de 106 mil milhões de euros, em relação a
2022 (-27 %).
Xi recebeu hoje no
Grande Palácio do Povo a primeira-ministra italiana, que anunciou no domingo um
plano para "relançar a cooperação bilateral" com a China, após Roma
ter abandonado a Iniciativa Faixa e Rota, o principal programa da política
externa chinesa, sinalizando uma mudança de postura face à China.
Meloni optou por não
renovar um acordo com Pequim por mais cinco anos, em dezembro passado, no âmbito
de um programa com o qual Pequim procura cimentar a sua influência global.
No entanto, o Executivo
italiano espera salvaguardar as relações com a segunda maior economia do mundo.
Meloni disse, no
domingo, que a sua viagem é uma "demonstração da vontade de iniciar uma
nova fase e relançar a cooperação bilateral no ano que marca o 20º aniversário
da parceria estratégica abrangente" entre os dois países.
O Global Times, jornal
oficial do Partido Comunista Chinês, também indicou que a chegada de Meloni à
China serviria para "esclarecer mal-entendidos". Especialistas
chineses citados pela imprensa estatal sugeriram que a decisão de Roma se deveu
"à influência dos EUA e de outras potências ocidentais" e não à
recusa da Itália em cooperar com o país asiático ou à ideologia da chefe do
Governo italiano.
Uma das principais
queixas de Roma sobre a iniciativa foi o aumento do défice no comércio com
o país asiático.
Itália era o único país
do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, que assinou um
memorando de entendimento no âmbito do programa chinês.
Durante a viagem, que
inclui uma paragem na cidade de Xangai, espera-se também a assinatura de
acordos comerciais e industriais bilaterais.
De acordo com fontes
italianas, Meloni pretende atrair mais investimentos chineses - por exemplo, no
setor automóvel - para impulsionar o crescimento económico de Itália.
A Iniciativa Faixa e
Rota inclui a construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas,
criando novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, Médio Oriente e
África.
O maior relacionamento
entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento da cooperação no
âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou
acordos financeiros, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas
trocas comerciais.
Lançada em 2013, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa simbolizou uma mudança na política externa da China, de um perfil discreto para uma postura mais assertiva, visando moldar o cenário internacional. ANG/Lusa
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