Venezuela/ Pelo menos um morto e 46 detidos em manifestações nas
ruas
Bissau, 30 Jul 24(ANG) -
Uma organização não-governamental (ONG) disse que uma pessoa morreu em
manifestações, na segunda-feira, 29, na Venezuela, na sequência do anúncio da
reeleição do Presidente Nicolás Maduro.
"Pelo menos uma
pessoa foi morta no estado de Yaracuy (noroeste) e 46 pessoas estão detidas",
depois dos acontecimentos pós-eleitorais, escreveu o diretor da ONG Foro Penal,
especializada na defesa de presos políticos, Alfredo Romero, numa mensagem na
rede social X (antigo Twitter).
Na segunda-feira, o
Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Nicolás
Maduro para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.
O principal candidato da
oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados
oficiais divulgados pelo CNE.
A oposição venezuelana
reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, com 70% dos votos para
González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando
reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.
Com
gritos de “Até ao fim” milhares de venezuelanos foram segunda-feira para as
ruas rejeitar os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE),
que deram a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais de domingo.
Os protestos começaram em várias regiões do interior do país,
entre elas o estado de Falcón, onde na Plaza Chávez de Las Eugénias, dezenas de
manifestantes estavam a tentar derrubar uma estátua do falecido líder
socialista, Hugo Chávez, que presidiu o país entre 1999 e 2013.
Em La Isabelica, Valência, Estado de Carabobo (centro-norte do
país) centenas de pessoas, entre as quais dezenas de motociclistas saíram às
ruas para protestar contra os resultados.
Na autoestrada que liga Caracas ao vizinho estado de La Guaira
(norte) populares colocaram pneus em chamas impedindo a circulação.
Por outro lado, na zona leste da cidade de Caracas, no bairro
pobre de Petare, tido como o maior da América Latina, várias pessoas, algumas
delas encapuzadas, saíram às ruas gritando palavras de ordem contra Nicolás
Maduro, tendo destruído alguns dos seus cartazes da campanha.
Centenas de manifestantes, a pé e em motocicleta, foram desde o
centro de Petare até aos galpões dos armazéns do CNE em Mariche, gritando e
cantarolando “vai cair. Este Governo vai cair” e “vamos até ao fim”, diziam os
manifestantes a gritos.
Ainda em Caracas, no bairro pobre de El Cementério, os
manifestantes expulsaram do sítio vários funcionários da Guarda Nacional
Bolivariana (PNB, polícia militar), enquanto gritavam “covardes (…) não saíram
a defender o país”.
Apesar da chuva, em Los Teques (30 quilómetros a sul de
Caracas), centenas de pessoas marcharam em protesto desde a Avenida
Independência até La Matica, em rechaço aos resultados eleitorais.
Por outro lado, em Maracaibo, no estado de Zúlia, oeste do país,
as forças de segurança dispersaram vários manifestantes com gás lacrimogénio,
segundo vídeos divulgados pelas redes sociais.
Em Arágua, a 100 quilómetros de Caracas, centenas de populares
concentraram-se junto da base Aérea Libertador
À medida que as manifestações decorrem e os manifestantes
percorrem as ruas, ao aproximar-se as peças tocam, em apoio, tachos e vuvuzelas
desde as janelas.
Os protestos têm lugar depois de o Procurador-geral da
Venezuela, Tareck William Saab advertir que “poderiam ser penalizados com
cárcere” os cidadãos que venham a ser acusados de violência ou que recusem os
resultados anunciados pelo CNE que deram a vitória de Nicolás Maduro.
"Alertamos para o facto de os atos de violência e os apelos
poderem ser enquadrados como crimes de incitamento público. Com uma pena de
três a seis anos de prisão", afirmou num discurso transmitido pelas
televisões locais.
Tareck William Saab explicou ainda que o Ministério Público da
Venezuela iniciou uma investigação contra os opositores María Corina Machado,
Leopoldo López e Lester Toledo, por alegado envolvimento num ataque contra o
sistema de transmissão de dados do CNE que teria como propósito alterar os
resultados das eleições presidenciais.
Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da
oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões
(44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE,
Elvis Amoroso.
A oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais de domingo, com 70% dos votos para o candidato da oposição. Edmundo González Urrutia obteve 70% dos votos, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE. ANG/Inforpress/Lusa
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