sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Ensino


"É urgente uma medida de restauração do sistema de ensino na Guiné-Bissau para salvar a futura geração" diz prof. Almeida Quadé

Bissau, 09 Nov 18 (ANG) – O Professor veterano do ensino básico, no exercício  já há 33 anos, Almeida Quadé, defendeu que é urgente uma medida de restauração do sistema de ensino guineense para salvar a futura geração do país.

Em  entrevista exclusiva à ANG, o veterano docente que iniciou a sua carreira no ano lectivo 1985−86,e  que atualmente dá aulas no ensino básico unificado Godofredo Vermão de Sousa, afirmou que a Educação é a base sustentável para futuro de qualquer país, mas que infelizmente na Guiné-Bissau não é vista desta forma.

"Enquanto não houver reformas profundas e sérias no sector de ensino guineense o país não vai alcançar para  o tão desejado desenvolvimento", afirmou o professor.

Segundo ele, o sistema do ensino na década pós independência é mais consistente e benéfico para o país em relação ao actual.

De acordo com este veterano na docência, o sistema de ensino antigo programava em cada ano lectivo os seminários de reciclagens dos professores para atualização e aumento de qualidade no exercício da docência.

Nos últimos anos, com sucessivos governos, essa prática não tem vindo a acontecer e a qualidade dos professores têm vindo a deteriorar-se ano após anos e, consequentemente dos alunos, que segundo ele, são as principais vítimas do sistema débil do ensino guineense, o que lhes impedirão de concorrer com os de outros países.

Também responsabilizou os pais/encarregados de educação dos alunos por falta de seguimento dos seus educandos em casa, acrescentando que  muitos pais nem sequer olham os cadernos dos seus filhos e só apontam culpas aos filhos e professores quando não houver um bom aproveitamento no final do ano lectivo.

Para  o Professor Almeida, o tempo na sala de aula é pouco e por isso os pais devem seguir os estudos dos seus filhos de perto.

Disse que, com esforços redobrados do  governo, professores e pais/encarregados de educação, o sistema educativo irá melhorar bastante.

Para este veterano, a saída para o “caos” no ensino guineense nos últimos anos, o governo precisa mudar a sua política para ensino, aumentando horas de aulas e suprimindo o atual segundo turno, criando infraestruturas escolares bem equipadas com  tecnologias , salário digno aos professores e as garantias adequadas quando estão aposentados.

Depois de criar estas condições, o governo deve exigir resultados concretos aos docentes para obter resultados dos investimentos destinado ao sector, começando por equipar bem os inspetores para inspecionar rigorosamente os trabalhos dos professores nas salas de aulas.

Ainda este Professor exortou os governantes para se abdicarem  das guerrinhas partidárias no sector, que considerou um dos factores chaves no enfraquecimento do sistema do ensino.

Segundo ele, as nomeações dos diretores atualmente são condicionadas a militância no partido politico, visto que cada um que estiver no poder muda todos os directores que não são do seu  partido sem olhar para a  carreira e competência da pessoa nomeada.
“Este hábito tem contribuído de que maneira na destruição do sistema do ensino actual”, disse.

Professor Almeida, disse estar satisfeito com a frente única que os dois sindicatos dos professores criaram para fazer o governo cumprir os acordos assinados há muito tempo mas  que não estão sendo aplicados.

Questionado sobre a sua decisão de ter escolhido a profissão da docência, o Professor Almeida não hesitou em afirmar que está muito arrependido de a ter escolhido . Disse que  prefereria ser um simples agricultor que ser professor na Guiné, e que muitos agricultores têm casa e bens básicos, necessários para um homem de família, o  que  professores de carreiras não podem ter.

Almeida Quadé declarou a sua solidariedade para com  os jovens estudantes presos e espancados numa marcha pacífica quinta-feira, em Bissau para exigir a reabertura das salas de aulas fechadas por motivo de greve em curso já mais de um mês sem solução. E qualificou a reivindicação dos alunos como uma causa justa e pertinente no contexto actual.

 ANG/CP//SG











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