"É
urgente uma medida de restauração do sistema de ensino na Guiné-Bissau para
salvar a futura geração" diz prof. Almeida Quadé
Bissau, 09 Nov 18 (ANG) – O
Professor veterano do ensino básico, no exercício já há 33 anos, Almeida Quadé, defendeu que é urgente uma medida de restauração do
sistema de ensino guineense para salvar a futura geração do país.
Em entrevista exclusiva à ANG, o veterano docente
que iniciou a sua carreira no ano lectivo 1985−86,e que atualmente dá aulas no ensino básico
unificado Godofredo Vermão de Sousa, afirmou que a Educação é a base
sustentável para futuro de qualquer país, mas que infelizmente na Guiné-Bissau
não é vista desta forma.
"Enquanto não houver
reformas profundas e sérias no sector de ensino guineense o país não vai alcançar
para o tão desejado desenvolvimento",
afirmou o professor.
Segundo ele, o sistema do
ensino na década pós independência é mais consistente e benéfico para o país em
relação ao actual.
De acordo com este veterano
na docência, o sistema de ensino antigo programava em cada ano lectivo os seminários
de reciclagens dos professores para atualização e aumento de qualidade no
exercício da docência.
Nos últimos anos, com
sucessivos governos, essa prática não tem vindo a acontecer e a qualidade dos
professores têm vindo a deteriorar-se ano após anos e, consequentemente dos
alunos, que segundo ele, são as principais vítimas do sistema débil do ensino
guineense, o que lhes impedirão de concorrer com os de outros países.
Também responsabilizou os
pais/encarregados de educação dos alunos por falta de seguimento dos seus
educandos em casa, acrescentando que muitos pais nem sequer olham os cadernos dos
seus filhos e só apontam culpas aos filhos e professores quando não houver um
bom aproveitamento no final do ano lectivo.
Para o Professor Almeida, o tempo na sala de aula é
pouco e por isso os pais devem seguir os estudos dos seus filhos de perto.
Disse que, com esforços
redobrados do governo, professores e
pais/encarregados de educação, o sistema educativo irá melhorar bastante.
Para este veterano, a saída
para o “caos” no ensino guineense nos últimos anos, o governo precisa mudar a
sua política para ensino, aumentando horas de aulas e suprimindo o atual segundo
turno, criando infraestruturas escolares bem equipadas com tecnologias , salário digno aos professores e
as garantias adequadas quando estão aposentados.
Depois de criar estas
condições, o governo deve exigir resultados concretos aos docentes para obter
resultados dos investimentos destinado ao sector, começando por equipar bem os
inspetores para inspecionar rigorosamente os trabalhos dos professores nas
salas de aulas.
Ainda este Professor exortou
os governantes para se abdicarem das
guerrinhas partidárias no sector, que considerou um dos factores chaves no
enfraquecimento do sistema do ensino.
Segundo ele, as nomeações
dos diretores atualmente são condicionadas a militância no partido politico, visto
que cada um que estiver no poder muda todos os directores que não são do
seu partido sem olhar para a carreira e competência da pessoa nomeada.
“Este hábito tem contribuído
de que maneira na destruição do sistema do ensino actual”, disse.
Professor Almeida, disse estar
satisfeito com a frente única que os dois sindicatos dos professores criaram
para fazer o governo cumprir os acordos assinados há muito tempo mas que não estão sendo aplicados.
Questionado sobre a sua
decisão de ter escolhido a profissão da docência, o Professor Almeida não
hesitou em afirmar que está muito arrependido de a ter escolhido . Disse que prefereria ser um simples agricultor que ser
professor na Guiné, e que muitos agricultores têm casa e bens básicos,
necessários para um homem de família, o
que professores de carreiras não
podem ter.
Almeida Quadé declarou a sua
solidariedade para com os jovens
estudantes presos e espancados numa marcha pacífica quinta-feira, em Bissau
para exigir a reabertura das salas de aulas fechadas por motivo de greve em
curso já mais de um mês sem solução. E qualificou a reivindicação dos alunos
como uma causa justa e pertinente no contexto actual.
ANG/CP//SG
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