Conferência
mundial apresenta implante como método
de prevenção
Bissau, 26 jul 19 (ANG) - A 10ª edição da International AIDS
Society (IAS), a conferência mundial científica sobre HIV/AIDS, terminou quarta-feira (24) no México e diversas
novidades foram apresentadas, como um implante para evitar o contágio ou um
tratamento com menos medicamentos.
Nos últimos anos, o conceito de tratamento preventivo, ou
profilaxia pré-exposição (PrEP), revolucionou a prevenção contra o vírus da
AIDS. A prioridade é dada a certas populações, como homens que se relacionam
com homens sem proteção ou prostitutas.
No futuro, o mesmo resultado poderá ser alcançado sem passar por
um tratamento contínuo graças a um implante de "ação prolongada". O
primeiro teste clínico em seres humanos, descrito pela IAS como
"preliminar, mas promissor", estabeleceu após 12 semanas de uso que
foi bem tolerado pelos 16 participantes.
Segundo seu autor, um pesquisador do laboratório americano
Merck&Co, o implante poderia continuar a fornecer uma dose suficiente para
"pelo menos um ano". Mais estudos ainda terão de ser feitos para
mostrar se o dispositivo oferece o mesmo nível de proteção ao HIV que os
comprimidos. De qualquer forma, essa "poderia ser uma solução promissora
para aqueles que têm dificuldades de cumprir o tratamento diário", segundo
o presidente da IAS, Anton Pozniak.
A conferência também foi a ocasião de apresentar um novo estudo
sobre a aceitação e a eficácia da PrEP de anel intravaginal, que distribui um
medicamento antirretroviral, a dapivirina, por um mês. "Estamos
criando novas ferramentas que se
adaptam às realidades da vida das pessoas”", afirmou Pozniak.
Conduzido pela Agência Nacional Francesa de Pesquisa sobre a
Aids, um estudo procurou revelar a eficácia de tomar comprimidos por quatro
dias por semana. A redução da "carga de medicamentos" das pessoas com
HIV também pode ser alcançada diminuindo para duas moléculas em vez de três.
Na conferência, foram apresentados novos dados sobre o uso do
antirretrovial dolutegravir (DTG) nas mulheres grávidas, ou em idade fértil.
Comercializado pelo grupo ViiV Healthcare, este medicamento está no centro das
atenções desde o ano passado, após a publicação de um estudo em Botsuana que
destacou os perigos de más-formações cerebrais e da medula espinhal em crianças
e mulheres tratadas com esta molécula (4 casos a cada 426 gestações).
Esses resultados criaram um dilema, porque o DTG é um dos
melhores tratamentos contra o HIV atualmente no mercado. Ele é mais eficaz e
mais fácil de usar do que outros medicamentos, além de ter menos efeitos
colaterais e menos resistência.
Estudos adicionais apresentados esta semana tendem a mostrar que
o risco de má-formações é, finalmente, "inferior ao relatado no ano
passado", com três nascimentos a cada 1.000 em Botsuana - contra um em
cada 1.000 com outros medicamentos. Uma pesquisa brasileira não relatou nenhum
caso.
Com base nisso, a OMS "recomenda fortemente que o
dolutegravir seja a opção de tratamento preferencial para o HIV", mesmo
para as mulheres em idade fértil, "devido aos enormes benefícios que
proporciona". Mas a organização internacional destaca a importância de
informar as mulheres sobre os riscos e de dar acesso aos serviços de
planejamento familiar.ANG/RFI
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