Cientistas descobrem tratamentos eficazes para combater vírus do Ébola
Bissau, 11 jul 19 (ANG) - A agência Centros de Controlo e Prevenção de
Doenças dos Estados Unidos da América (EUA) descobriu em testes laboratoriais
que dois tratamentos são eficazes para combater o actual surto do vírus do
Ébola na República Democrática do Congo (RDC).
Os resultados dos testes feitos em laboratório foram divulgados
na terça-feira pela organização Centros de Controlo e Prevenção de Doenças
(CDC, na sigla inglesa).
A investigação realizada pelos cientistas da CDC, cujos
resultados foram divulgados na publicação especializada 'Lancet Infections
Diseases', mostra que os tratamentos experimentais com base de 'Remdesivir'
(antiviral) e 'ZMapp' (anticorpos) "bloquearam o crescimento de
microrganismos do vírus que causa o Ébola nas células humanas em
laboratório".
De acordo com o comunicado divulgado pela CDC, os resultados
sugerem que "estes tratamentos são promissores para os pacientes se
recuperarem da doença mortal.
No mesmo documento, os Centros de Controlo e Prevenção de
Doenças dos EUA referem que as investigações permitiram verificar que os testes
laboratoriais desenvolvidos durante o surto do Ébola na África Ocidental no
período de 2014-2016 e que foram usados em pessoas para identificar o vírus do
Ébola na RDC e nos países vizinhos estão correctos.
Os cientistas denominaram os testes laboratoriais realizados de
"Estirpe Ituri" e foram desenvolvidos para identificar uma estirpe
diferente do vírus do Ébola.
O vírus do Ébola tem na sua constituição o Ácido Ribonucleico
(RNA) como único material genético e "está sempre em mutação",
referiu Laura McMullan, microbiologista da CDC e principal autora do estudo.
"É de vital importância garantir que haja tratamentos
contra o vírus [Ébola] que está a deixar as pessoas doentes agora",
acrescentou.
Para levar a cabo a sua investigação, e tendo em conta a falta
de amostras de pacientes infectados, os cientistas da CDC reconstruíram o vírus
em laboratório usando a "genética inversa" e o nível 4 de segurança,
o maior em termos de biossegurança.
Ao ter acesso à estirpe do vírus, os investigadores puderam
perceber melhor a "Estirpe Ituri" e como esta se encaixa na família
do vírus do Ébola, o que pode fornecer pistas para encontrar "tratamentos
promissores adicionais".
"Este trabalho tem benefícios além do estudo actual, ter
acesso a este vírus irá permitir-nos explorar se outros compostos ou terapias
potenciais afectam o vírus no laboratório", disse Inger Damon, director de
estratégia para o Ébola na RDC.
"Esperamos que o conhecimento adquirido a partir deste
trabalho possa ser traduzido em tratamentos seguros e eficazes para ajudar a curar
pacientes [com] Ébola", refere, no mesmo comunicado.
O último balanço do surto do Ébola na RDC, divulgado na
terça-feira, datado do dia 08 de Julho, indica que desde o início da epidemia
foram registados 2.428 casos, dos quais 2.334 confirmados em laboratório e 94
prováveis. No total, registaram-se 1.641 mortes.
A RDC já foi atingida nove vezes pelo Ébola, depois da primeira
manifestação do vírus no país africano, em 1976. ANG/Angop
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