Vinte anos de Mohamed VI no poder
Bissau, 31 jul 19 (ANG) -
O Rei Mohamed VI completa hoje 20 anos que acedeu ao trono de Marrocos, depois
da morte do pai Hassan II, a 23 de Julho de 1999.
Chamado num primeiro tempo
pelos marroquinos de "Rei dos pobres", por pretender ser um soberano
mais próximo do povo, os primeiros anos de reinado do 23° soberano da dinastia
Alauita foram marcados por algumas reformas, a mais emblemática sendo, em 2003,
a reforma do código da família, concedendo mais direitos às mulheres, ou ainda
o reconhecimento oficial em 2011 da cultura Berbere, uma das componentes da
Nação marroquina.
Noutro quadrante, Mohamed VI lançou também uma série de reformas
económicas, com uma forte aposta nas infra-estruturas que se materializou
nomeadamente na inauguração no ano passado da linha de comboios de alta
velocidade Tânger-Casablanca construída com o apoio da França. Mais
recentemente, o país também inaugurou em Junho com pompa e circunstância o novo
porto de Tânger, o maior de África.
Apesar deste momento de euforia e apesar também de ser
considerado um país estável, Marrocos não deixa de ser um país de contrastes.
De acordo com um recente relatório da Oxfam, Marrocos debate-se com
desigualdades gritantes, outros indicadores dando também conta de um sistema de
saúde e de ensino deficientes bem como uma taxa de desemprego rondando
actualmente os 10%.
Paralelamente, embora aborde a questão dos Direitos Humanos de
forma diferente do seu antecessor que deixou a memória de um pulso de ferro, o
regime de Mohamed VI não deixou também de encontrar algumas dificuldades,
nomeadamente durante o período 2016-2017, com fortes ondas de protesto
populares no Rif, no norte do país, que ficaram marcadas por detenções
massivas.
Nestes vinte anos, Marrocos tem vindo a afirmar-se como um
parceiro da União Europeia e dos Estados Unidos no tocante à luta contra o
terrorismo, depois de ter sido palco de ataques, respectivamente em Casablanca
em 2003 e em Marraquexe em 2011.
Ainda a nível diplomático, o país ausente durante 30 anos das
instituições pan-africanas regressou à União Africana em 2017, com a ambição de
tomar um lugar preponderante no continente e obter designadamente mais margem
de manobra no respeitante ao Saara Ocidental, enclave separatista no seu
território. ANG/RFI
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