Grupo de militares da Renamo avisa governo para suspender diálogo
Bissau, 24 jul 19 (ANG) - Um grupo de militares da Renamo, opositores da
liderança partidária, alertaram terça-feira para o risco de consequências sobre
a população se o Governo moçambicano insistir no diálogo com a liderança do
partido da oposição.
“Queremos
apelar ao Governo, na pessoa do Presidente moçambicano [Filipe Nyusi], para interromper
o diálogo com Ossufo Momade. Caso insistam, as consequências podem cair para o
povo moçambicano, povo pobre e que não tem nada a ver com política. Apelamos a
estas pessoas para nos respeitarem porque a Renamo somos nós", lê-se num
comunicado lido terça-feira numa conferência de imprensa pelo grupo a partir da
Gorongosa, no centro do país.
O grupo, liderado pelo major-general da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo) Mariano Nhungue e que se autodenomina Junta Militar da
Renamo, considera que Ossufo Momade já não é líder daquela força, acusando-o de
estar a "raptar e isolar" oficiais da Renamo que estiveram sempre ao
lado de Afonso Dhlakama, falecido a 03 de Maio do ano passado.
"Apelamos ao público moçambicano e ao grupo de contacto da
comunidade internacional nas negociações para pautarem pela calma, porque a
Junta Militar da Renamo vai anunciar brevemente medidas exequíveis e que
permitam o bom andamento do processo político de paz", refere o documento.
O grupo do major-general da Renamo Mariano Nhungue vem exigindo
a demissão de Ossufo Momade desde início de Junho, acusando-o de estar a
destruir o partido e ameaçando-o de morte.
Na sua primeira aparição após as contestações, a 24 de Junho, o
presidente da Renamo, Ossufo Momade, disse tratarem-se de "forças
diabólicas" que estão a tentar manchar o "bom nome" do seu
partido, considerando que os guerrilheiros que exigem a sua demissão estão a
ser instrumentalizados.
O Governo moçambicano e a Renamo continuam a negociar uma paz
definitiva em Moçambique, tendo as partes previsto que até Agosto, antes das
eleições gerais de 15 de Outubro, seja assinado um acordo de paz no país.
Um dos pontos mais complexos das negociações tem sido a questão
do desarmamento, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo.
O principal partido da oposição exige a presença dos seus
quadros no Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas academias
militares, o que não tem tido resposta por parte do executivo moçambicano.ANG/Angop
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