Mali/União Africana anuncia
"suspensão imediata" do país
Bissau, 02 Jun
21 (ANG) - A União Africana (UA) decidiu suspender o
Mali “de participar em todas as suas actividades”, “até que a ordem
constitucional normal seja restabelecida no país".
Em causa, o golpe militar do final de
Maio, o segundo em nove meses.
A UA "decide suspender
imediatamente a República do Mali de participar em todas as actividades da
União Africana, órgãos e instituições, até que a ordem constitucional normal
seja restabelecida no país", declarou terça-feira a noite, em comunicado,
o Conselho de Paz e Segurança da organização.
A União Africana pediu aos militares
malianos para que "regressem de urgência e incondicionalmente aos quartéis
e que se abstenham de qualquer interferência futura no processo político no
Mali".
Por outro lado, a organização pediu
condições para o regresso a uma "transição democrática sem entraves,
transparente e rápida", caso contrário “não hesitará em impor sanções
específicas e outras medidas punitivas” contra os que impedem a transição.
A UA exige, ainda, que nenhum
dos actuais líderes se candidate às próximas eleições e quer o levantamento das
"restrições" a todos os actores políticos, nomeadamente o Presidente
e o primeiro-ministro de transição
depostos, Bah Ndaw e Moctar Ouane, que estão em prisão
domiciliária.
A suspensão do Mali por parte da União
Africana surge dias depois de a Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) ter tomado a mesma decisão.
O Mali teve dois golpes de Estado em nove
meses. O primeiro foi a 18 de Agosto de 2020, quando o Presidente
Ibrahim Boubacar Keita, que era acusado de corrupção e alvo de
protestos há meses, foi derrubado por um golpe militar. Na altura, a União
Africana suspendeu o país, mas levantou a decisão no início de Outubro, depois
de a junta militar se ter comprometido a uma transição para um Governo civil no
prazo de 18 meses.
A 15 de Abril de 2021, as autoridades de transição fixaram as datas de Fevereiro e Março de 2022 para a realização de eleições presidenciais e legislativas, mas, em Maio, os militares, insatisfeitos com uma recomposição do Governo decidida na sequência de protestos crescentes, detiveram o Presidente, Bah Ndaw, e o primeiro-ministro, Moctar Ouane. O coronel Assimi Goïta foi, então, declarado chefe de Estado e Presidente de transição e os militares disseram que as eleições vão decorrer em 2022.ANG/RFI
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