segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Angola/Hospitais entram em colapso com 40% dos médicos infectados com covid-19

Bissau, 03 Jan 22 (ANG) – O presidente do sindicato dos médicos de  Angola, Adriano Manuel disse que muitos hospitais estão a entrar em colapso, havendo  hospitais onde a percentagem de médicos infetados com a covid-19 chega a 40%, juntando a isto o aumento sazonal de casos de málária.


"Encontramos dificuldades de uma forma geral no hospitais porque nalguns hospitais vamos observar 40% da classe médica está com covid-19, havendo já uma exiguidade de médicos. Esta situação torna-se ainda muito mais difícil se tivermos em conta que estamos em período chuvoso, no pico da malária, então juntar málária e covid-19, estamos a viver uma situação que não é nada boa para o país", disse o médico Adriano Manuel, em entrevista à RFI.

Para Adriano Manuel, o país vive há muitos anos uma situação de défice de médicos, entretanto agravada pela pandemia de covid-19.

"Há um défice de formação em Angola. Angola está nesta altura com 32 milhões de habitantes e temos cerca de 8 mil médicos. Se cumprissemos com as directivas da Organização Mundial de Saúde, que falam em um médico para cada mil habitantes, está a faltar cerca de 22 mil médicos, no entanto, a densidade populacional versus o número de médicos é extremamente insuficiente", referiu.

Adriano Manuel diz que há médicos formados em Angola que não estão a trabalhar e que não conseguem entrar nos hospitais com o Governo a justificar a falta de profissionais com a difícil situação financeira em que se encontra o país.

"Temos informações de um concurso público em que vão entrar cerca de 500 médicos", indicou o profissional de Saúde.

O sindicalista esclareceu ainda que se antes era possível contratar médicos vindos no estrangeiro de forma a reforçar os quadros angolanos, esta prática tornou-se mais difícil já que os países de origem precisam também destes profisisonais. 

"Precisamos de mais médicos e eventualmente até contratar médicos estrangeiros, no entanto, dada a pandemia, os países que normalmente mandam médicos para Angola têm alguma dificuldade a enviar. Estamos a falar de Cuba, Rússia e Coreia ou até China, mas nesses países também precisam de médicos", explicou.

O Hospital Municipal de Viana conta apenas com dois médicos, já que os restantes estão com covid-19, e e nas últimas 24 horas, mais de 3.000 pacientes procuraram os hospitais de Luanda não só devido à pandemia, mas também devido à malária, agressões físicas ou uso excessivo de alcool.

De forma a atacar as necessidade actualmente existentes no país, Adriano Manuel propõe a contratação imediata de mais enfermeiros para reforçar a rede de cuidados primários.

"O imediato é munir o sistema de saúde primário com mais quadro, no caso, enfermeiros licenciados, com alguma competência, no sentido de diminuir substancial o défice de médicos existente. Enfermeiros que possam abordar patologias como a malária, como a dengue, a chicungunha", indicou.

Para este sindicalista, o sistema de Saúde angolano é um dos piores de África, devido à sua desorganização.

"Acima de tudo, o sistema de saúde em Angola não está organizado. É dos piores, sem medo de errar, de África. Temos um sistema de saúde débil do ponto de vista de organização. O grande problema é que temos d eorganizar o sistema de saúde primário com recursos humanos e meios de diagnóstico para as principais patologias que temos", concluiu Adriano Manuel. ANG/RFI

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