Migrações/Guterres horrorizado com naufrágio na Grécia pede mais medidas
Bissau, 15 Jun 23 (ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se hoje horrorizado com o naufrágio de um barco de migrantes ao largo da costa grega, que resultou em pelo menos 79 mortos, defendendo mais medidas de segurança para a migração.
“Este é mais um exemplo
da necessidade dos Estados-membros se unirem e criarem vias ordenadas e seguras
para as pessoas forçadas a fugir (…), para salvar vidas no mar e reduzir as
viagens perigosas”, frisou o diplomata português, através do seu porta-voz,
Stéphane Dujarric.
Segundo Dujarric, o
líder das Nações Unidas insiste que “todos aqueles que procura uma vida melhor
precisam de dignidade e segurança”.
O governo da Grécia
decretou três dias de luto após o naufrágio, a sudoeste da Grécia, de um barco
de pesca transportando centenas de migrantes, numa das piores catástrofes deste
tipo ocorridas na região.
De acordo com o mais
recente balanço, a guarda costeira grega referiu que recuperou 79 corpos e
resgatou cerca de 100 pessoas, mas os sobreviventes relataram que quase 750
pessoas estavam a bordo.
Uma vasta operação de
salvamento foi iniciada hoje de manhã e permitiu resgatar um total de 104
pessoas, quatro das quais foram hospitalizadas em Kalamata, uma cidade do sul
do Peloponeso, acrescentou a guarda costeira.
As estações de televisão
gregas mostraram imagens dos sobreviventes, envoltos em cobertores cinzentos e
com máscaras protetoras no rosto, a sair de um iate que foi socorrê-los em alto
mar, com a inscrição Georgetown, capital das ilhas Caimão. Outros foram
retirados em macas.
Nenhuma informação foi
até agora fornecida sobre nacionalidade, género e idades destas pessoas.
As águas ao largo da
Grécia têm sido cenário de muitos naufrágios de embarcações de migrantes,
muitas vezes em mau estado e sobrelotadas, mas este foi, até agora, o maior
balanço de vítimas humanas desde que, a 03 de junho de 2016, pelo menos 320
pessoas morreram ou desapareceram quando o barco em que seguiam se afundou no
mar.
A guarda costeira grega
precisou que, no momento da tragédia, na noite de terça para quarta-feira, a 47
milhas náuticas (87 quilómetros) de Pilos, no mar Jónico, nenhum dos migrantes
a bordo do barco de pesca estava equipado com colete salva-vidas.
A embarcação foi
localizada na terça-feira à tarde por um avião da Frontex, a agência europeia
de segurança fronteiriça e costeira, mas os migrantes a bordo “recusaram
qualquer ajuda”, indicaram num comunicado anterior as autoridades portuárias
gregas.
Além dos barcos de
patrulha da polícia portuária, uma fragata da Marinha de guerra grega, um avião
e um helicóptero da Força Aérea, bem como seis barcos que navegavam naquela
zona participaram na operação de salvamento.
Segundo informações das
autoridades, a embarcação naufragada tinha zarpado da Líbia com destino a
Itália.
Desde o início do ano,
44 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo oriental, segundo a Organização
Internacional para as Migrações (OIM). No ano passado, o número de pessoas que
morreram dessa forma ascendeu a 372.
A presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, declarou-se “profundamente triste” e defendeu,
na rede social Twitter, que os Estados-membros da UE devem “continuar a
trabalhar em conjunto, com (…) os países terceiros para impedir tais
tragédias”.
A missão grega do Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) descreveu este incidente
como uma “tragédia inconcebível”, sublinhando ainda que estas mortes poderiam
ter sido evitadas se tivessem sido estabelecidas rotas de migração mais seguras
no Mediterrâneo. ANG/Inforpress/Lusa
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