quarta-feira, 21 de junho de 2023

Eleições/Sociólogo Miguel de Barros critica não  fiscalização da origem dos fundos dos partidos políticos

Bissau,21 Jun 23 (ANG) – O sociólogo guineense Miguel de Barros criticou a falta de  fiscalização da origem dos fundos que os partidos políticos usam durante a campanha eleitoral no país.

Em declarações à Televisão da Guiné-Bissau (TGB), sobre os 30 anos da vigência da lei eleitoral, lembrou que  só em 1994, com realização das primeiras eleições multipartidárias é que os partidos políticos receberam financiamento.

Disse que se houver fiscalzação, não só obrigaria os partidos à prestarem contas depois da campanha, como também permitiria a  adopção de uma disciplina financeira em termos de funcionamento, da fixação do tecto e da capacidade de funcionamento dos partidos, enquanto  instituições.

Miguel de Barros sustenta que  o fato de o Estado deixar de financiar os partidos políticos, de fiscalizar a origem do seu financiamento  e de obrigá-los a prestarem contas após  eleições, permitiu que  grupos ligados ao crime organizado financiassem  os partidos.´

Acrescentou que essa ausência de fiscalização abriu possibilidades para  titulares de órgãos da soberania se apropriarem de  recursos do Estado para financiar os partidos, facilitar a existência de corrupção dentro do sistema politico partidário e, consequentemente,  comprar os votos.

Nesta entrevista concedida à  TGB, o sociólogo disse que a Guiné-Bissau foi obrigada a aderir ao processo democrático como condição  para ter acesso à financiamentos provenientes de ajuda pública ao desenvolvimento de países parceiros, devido à dificuldades que tinha na altura de ter acesso aos  fundos de Clube de Paris.

Barros apontou, a título de exemplo,as declarações do ex-Presidente francês,  François Miterrand que apontou a adesão destes países ao processo democrático como condições para se ter acesso aos fundos de ajuda pública ao desenvolvimento.

Esta   pressão externa e a crise económica, de acordo com Miguel de Barros, aliadas ao programa de ajustamento estrutural da economia nacional, que diz ter levado à falênicia do Estado, levaram   o país a adotar a democracia, sem  tempo para debater o sistema politico que quer  implementar para reforçar as instituições da República.

Tudo isso, segundo o sociólogo, fez com que a Constituição da República seja  uma adaptação aos regimes semipresidencialistas, em vigor em Portugal, onde o Presidente desempenha um papel muito forte do Estado e é comandante das Forças Armadas, e a elaboração da Lei Eleitoral também sofreu essas pressões, por isso existe dificuldades  na sua interpretação.

Em relação ao Método de Hont,  Barros  disse que após 30 anos, há dificuldades na sua compreensão, relativamente a distribuição de mandatos para a Assembleia Nacional Popular e a partir dos resultados dos partidos, na atribuição dos mandatos com o número da população ao nível nacional. ANG/LPG/AC//SG

 

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