Bruxelas/Rede europeia contra
racismo acusa UE de “preço chocante” de 20 mil por migrante
Bissau, 20 jun 23 (ANG) – A Rede Europeia
contra o Racismo criticou hoje o novo pacto migratório aprovado pelos ministros
europeus por colocar um “valor chocante” de 20 mil euros por requerente de
asilo não colocado, revelando que “a solidariedade tem um preço”.
Numa
posição hoje divulgada, no Dia Mundial do Refugiado, a Rede Europeia contra o
Racismo (ENAR) “condena veementemente o novo Pacto sobre Migração e Asilo
recentemente acordado pelo Conselho da União Europeia” por “expor uma verdade
perturbadora”, de que “a solidariedade no seio da União Europeia [UE] é agora
considerada flexível e disponível por um preço”.
“Embora
os Estados-membros da UE afirmem que o pacto não se destina a excluir as
comunidades racializadas da Europa, mas sim a resolver o problema da migração
irregular, não prevê vias regulares acessíveis para todos os migrantes”, pelo
que, “apesar da ausência de referências explícitas à raça, etnia ou origem
nacional, as novas regras de gestão das fronteiras estão a ter um impacto
desproporcionado nestes grupos racializados”, argumenta a ENAR.
Segundo
esta organização, “para agravar ainda mais a situação, em vez de promover um
mecanismo de solidariedade baseado no respeito pelos direitos humanos e pela
dignidade, este acordo incentiva os Estados-membros a renunciarem à sua
responsabilidade de realojar os migrantes em troca de uma escassa quantia de 20
mil euros”.
A
posição surge dias depois de, na semana passada, os Estados-membros da UE terem
aprovado por maioria um acordo para reformar as regras sobre as migrações e asilo.
O
acordo aprovado prevê o pagamento de uma compensação financeira de 20 mil euros
por cada requerente de asilo não recolocado.
Ao
todo, a UE estima a recolocação de 30 mil migrantes e uma contribuição de 660
milhões de euros para o fundo destinado a financiar a política migratória.
Proposto
em setembro de 2020, o Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo foi concebido
para gerir e normalizar a migração a longo prazo, procurando dar segurança,
clareza e condições dignas às pessoas que chegam à UE.
Defende-se
uma abordagem comum em matéria de migração e asilo, baseada na solidariedade,
na responsabilidade e no respeito pelos direitos humanos.
Numa
posição também hoje divulgado a propósito do Dia Mundial do Refugiado, o Alto
Representante da União para a Política Externa e de Segurança Comum, Josep
Borrell, reitera “o compromisso da UE de continuar a ser um dos principais
doadores de ajuda humanitária e de desenvolvimento e de intensificar os
esforços para garantir que a UE continue a ser um local onde os refugiados
encontram proteção e segurança”.
Apontando
que “as viagens dos refugiados são frequentemente cheias de dificuldades e
perigos, com milhares de pessoas a arriscarem as suas vidas através de desertos
e mares na esperança de um futuro melhor”, Josep Borrell adianta que “a UE está
empenhada em trabalhar numa ação global para evitar a perda de vidas e
proporcionar percursos ordenados e seguros”.
“Estamos
a trabalhar com os Estados-membros da UE e os parceiros internacionais em
matéria de reinstalação e de percursos complementares que podem ajudar a
aumentar os lugares de admissão, a partir de regiões prioritárias”,
conclui.ANG/Lusa
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