Itália/FAO "procura urgentemente" 115 milhões para apoiar população sudanesa
Bissau, 13 Set 23 (ANG) - A Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) "procura
urgentemente financiamento" 115 milhões de euros para apoiar a população
do Sudão, afetada pela guerra desde Abril, anunciou hoje a organização da ONU
em Roma.
De acordo com um relatório da FAO, cerca de
20,3 milhões de sudaneses, ou seja, mais de 42% da população, estão em situação
de insegurança alimentar grave, quase o dobro do número registado em Maio de
2022. Deste número, cerca de 6,3 milhões de pessoas - 13 por cento da população
- estão em níveis de emergência.
A FAO lançou um plano de resposta de
emergência para prestar ajuda às comunidades do Sudão afetadas pela guerra que
eclodiu em 15 de Abril entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (FAR,
paramilitares), devido a divergências sobre a integração destas últimas nas
forças armadas.
A organização pretende chegar a 10,1
milhões de agricultores com sementes, gado, apoio veterinário e reforço da
adopção de boas práticas agrícolas, para o que pede 123 milhões de dólares
(114,7 milhões de euros).
Quatro meses após o início dos combates, o
conflito estendeu-se à região do Darfur e a partes dos Estados do Cordovão e do
Nilo Azul, reacendendo a violência intercomunitária e provocando deslocações
generalizadas", explica a agência no relatório.
"Os combates continuam a ameaçar a
segurança alimentar e a nutrição de milhões de pessoas, agravando um
ecossistema já de si muito frágil", afirma a FAO, acrescentando que
"a destruição de infraestruturas críticas, incluindo sistemas de água e
redes de comunicações, está a ter impactos devastadores em todo o Sudão".
No texto sublinha-se que "a utilização
de tanques, artilharia e bombardeamentos está a causar a destruição de infraestruturas
vitais, incluindo casas, infraestruturas de comunicações, empresas, hospitais e
bancos, impedindo simultaneamente a reabilitação ou o acesso a infraestruturas
e serviços essenciais".
O número de pessoas deslocadas internamente
aumentou "dramaticamente", com cerca de 4,4 milhões de deslocados e
um milhão de refugiados, recorda o relatório, assinalando o "grande
impacto" no sector agrícola da deslocação massiva das populações.
À circunstância da guerra junta-se a dos
"preços elevados e a escassez de materiais essenciais, como combustível,
sementes e fertilizantes", acrescenta-se no relatório.
A agência afirmou ainda que a violência
sexual baseada no género "aumentou significativamente" desde o início
do conflito e avisou que, "à medida que o conflito no Sudão continua sem
qualquer indicação de cessação, a situação humanitária em todo o país continua
a deteriorar-se".
"Milhões de pessoas no Sudão estão a
enfrentar uma batalha pela sobrevivência em face ao agravamento da crise de
segurança alimentar", disse o representante da FAO no Sudão, Hongjie Yang,
citado no texto.
O Sudão mergulhou no caos há cinco meses,
quando se transformaram em guerra aberta as tensões há muito latentes entre os
militares, liderados pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as FAR, comandadas
por Mohamed Hamdan Dagalo, ex-número 2 no Conselho Soberano - a junta militar
que tomou o poder no país no golpe que depôs o antigo ditador Omal al-Bashir em
Abril de 2019.
Os combates reduziram a capital do Sudão,
Cartum, a um campo de batalha urbano, sem que nenhuma das partes tenha
conseguido obter o controlo da cidade.
Na região ocidental do Darfur - palco de
uma campanha genocida no início da década de 2000 - o conflito transformou-se
em violência étnica, com as FAR e milícias árabes aliadas a atacarem grupos
étnicos africanos, segundo grupos de defesa dos direitos humanos e as Nações
Unidas. ANG/Angop
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