Líbia/Operações de socorro dificultadas por tensões políticas
Bissau, 14 Set 23 (ANG) – As operações de socorro têm sido dificultadas pelas divisões políticas neste país que conta com dois governos rivais: um deles oficialmente reconhecido pela comunidade internacional em Tripoli e o outro sediado em Benghazi.
A maior parte das
zonas afetadas pelo mau tempo situam-se no leste da Líbia, controlado pelo
governo de Benghazi, não reconhecido internacionalmente.
Estradas cortadas,
deslizamentos de terra e inundações impediram os socorristas de chegar
rapidamente à população, que teve de improvisar com meios rudimentares para
recuperar os corpos e enterrar dezenas de cadáveres em valas comuns, como foi
visto em imagens veiculadas nas redes sociais.
Até terça-feira, a
cidade de Derna contava apenas com duas entradas operacionais, obrigando os
veículos a realizar desvios por outras localidades.
A Turquia, a
Argélia, o Egipto, o Irão, os Estados Unidos, a França e a Itália, entre
outros, prometeram enviar meios e fundos para ajudar nas operações de resgate e
de reconstrução das zonas afetadas.
A Líbia está
mergulhada num caos político, social e económico desde a morte do ex-dirigente
Muamar Kadafi em 2011, tendo sofrido duas guerras civis desde então entre
diferentes grupos armados.
Na semana passada,
a mesma tempestade passou pela Grécia onde matou 18 pessoas.
Depois da tempestade que matou
cerca de 5.000 pessoas, as organizações internacionais receiam um balanço muito
maior.
O estado degradado das infraestruturas da Líbia
governado por duas facções rivais explica a violência dos danos materiais e
humanos, e tem dificultado as operações de socorro.
Cerca de 10 000
pessoas estão desaparecidas, alertou um responsável da Federação Internacional
das sociedades da Cruz Vermelha. Já foram confirmadas 5 200 mortes pelas
autoridades locais e a Organização Internacional para as Migrações (IOM,
na sigla em inglês) antevê cerca de 30 000 deslocados.
O balanço é ainda
provisório e poderá agravar-se, na sequência da tempestade Daniel, que na
noite de domingo 10 para segunda-feira 11 de Setembro atingiu a costa
oriental da Líbia. A respectiva metrópole Benghazi foi atingida e, depois,
Derna, destruíndo cerca de um quarto da superfície desta cidade costeira,
segundo as autoridades locais.
O elevado número
de mortos não se explica apenas pela intensidade da tempestade, mas também pela
ruptura de duas barragens, provocando enormes correntes de água que destruíram
bairros inteiros da cidade de Derna. As condições degradadas das
infraestruturas e a falta de alertas para evacuação contribuíram para a
dimensão dos danos, segundo os especialistas. ANG/RFI
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