Rússia/Vladimir
Putin rejeita novo acordo sobre cereais
Bissau,
05 Set 23 (ANG) - O Presidente turco quer reconquistar confiança do líder
russo, depois de algum distanciamento, mas Moscovo exige contrapartidas.
Este foi um dos maiores
testes à destreza diplomática de Recep Tayyip Erdogan. O
Presidente turco que chegou a anunciar que
Putin viajaria durante o mês de Agosto para a Turquia, deslocou-se até à
residência de verão do Presidente russo para o tentar convencer a retomar o
acordo para o escoamento dos cereais ucranianos, que a Rússia abandonou no
passado dia 17 de Julho.
No entanto, o Presidente
russo, Vladimir Putin, rejeitou firmar um novo acordo para o transporte de
cereais através do Mar Negro enquanto o Ocidente "não cumprir exigências" de
Moscovo.
Desde então, o preço dos
cereais nos mercados internacionais já aumentou entre 15 a 20%, e a insegurança
no Mar Negro cresceu, com ataques russos frequentes a infraestruturas
portuárias ucranianas, e com ataques de drones navais ucranianos a navios de
guerra russos. Mesmo cargueiros civis têm sofrido – há duas semanas um
cargueiro turco foi inspecionado pela marinha russa sob ameaça de armas a
escassos 50 quilómetros da costa turca do Mar Negro.
Moscovo diz há meses que
as contrapartidas incluídas no acordo original – que a Rússia também poderia
exportar os seus cereais e fertilizantes – nunca foram concretizadas, porque as
sanções internacionais limitam as transações com bancos russos e as companhias
seguradoras recusam-se a trabalhar com transitários russos.
Putin queixou-se ainda de
que a maior parte dos cereais ucranianos exportados para os mercados
internacionais ao abrigo do acordo, 33 milhões de toneladas em 2022, acabaram
por ir para os países europeus (70% disse o Presidente russo) e apenas 3%
destinaram-se aos países mais necessitados de África.
As Nações Unidas e a
Turquia têm desenvolvido uma intensa atividade diplomática para tentar
ultrapassar o impasse – António Guterres, o secretário-geral da ONU, enviou na
semana passada uma carta a Putin com novas propostas, e o chefe da diplomacia
turca esteve recentemente em Kiev e em Moscovo para tentar encontrar uma saída
negocial.
Moscovo fez, entretanto,
uma contraproposta: disse que poderia colocar um milhão de toneladas de cereais
russos na Turquia para os mercados internacionais, mas a Turquia e a ONU teimam
em restaurar o acordo original – que, durante um ano, escoou 33 milhões de
toneladas de cereais ucranianos, ajudando a estabilizar o preço.
Kiev tem explorado
também outras rotas de exportação – por ferrovia através da Polónia, ou através
de uma rota marítima costeira, através de águas nacionais da Roménia, Bulgária
e Turquia, fora do alcance da marinha russa. Mas nenhuma destas é viável a
longo prazo.
Erdogan quererá também
desanuviar a tensão recente entre a Turquia e a Rússia, depois de Ancara ter
dado o seu apoio à entrada da Ucrânia da NATO, e de ter retribuindo a visita do
Presidente Ucraniano Zelensky a Istambul com a libertação de alguns
prisioneiros de guerra ucranianos, que deveriam permanecer na Turquia até ao fim
da guerra, nos termos de um acordo de troca de prisioneiros mediado por Ancara.
Turquia e Rússia têm
importantes relações comerciais, incluindo avultados contratos de exportação de
gás natural russo. Uma empresa russa está também a construir a primeira central
nuclear turca.
Erdogan e Putin
exploraram ainda uma série de outros temas, nomeadamente outros conflitos
regionais e uma série de temas bilaterais, do comércio ao turismo. ANG/RFI
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