Cabo
Verde/”Celebrar o
centenário de Amílcar Cabral prestigia o país e a sua afirmação internacional”,
diz Pedro Pires
Bissau, 06 Set 24(ANG) – O comandante Pedro Pires considerou hoje que a
celebração do centenário de Amílcar Cabral devia ter uma participação inclusiva
das autoridades oficiais, já que o evento prestigia o país e abre perspectivas
renovadas para a sua afirmação internacional.
A constatação foi feita na manhã de hoje pelo também presidente da Fundação
Amílcar Cabral durante a sua intervenção no painel “Literatura e liberdade: em
homenagem ao centenário do nascimento de Amílcar Cabral”, no âmbito do XII
edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre de hoje a
domingo, 08, na cidade da Praia.
Pedro Pires, que lamentou a “tímida participação” das autoridades oficiais
na celebração do centenário de Amílcar Cabral, apontou que o evento tem
granjeado “uma ampla adesão” internacional e participação de personalidades,
intelectuais, instituições académicas e de associações populares dos mais
diversos países e origens culturais e sociais, graças a cooperação desenvolvida
com instituições nacionais e internacionais.
Para Pedro Pires, os impactos múltiplos deste evento constituem uma
“importante mais-valia” que prestigia o país, valoriza as suas instituições
académicas, abre perspectivas renovadas à sua afirmação internacional e
contribui para o incremento da autoestima e, igualmente, para o reforço da
coesão nacional.
“Além disso, esta dimensão imaterial pode constituir um valor simbólico que
impulsiona a confiança e o estímulo ao esforço quotidiano, individual e
colectivo que estamos chamados a prosseguir em apoio à consolidação da nossa
independência e da salvaguarda da soberania do nosso Estado, dois constituintes
fundamentais para que a nossa libertação continue a fazer sentido e a ter
significado”, considerou.
Os resultados conseguidos dentro e fora do país, continuou a mesma fonte,
não seriam possíveis sem a apropriação patriótica e comprometida do centenário
e da memória da Amílcar Cabral pela sociedade civil cabo-verdiana, e sem a
participação “empenhada e entusiástica” da maioria das instituições académicas,
culturais, profissionais, escolares e juvenis.
“Com efeito, a nossa sociedade civil tem operado como seu sustentáculo de
maior valia, particularmente em cooperação com a timidez dos sinais da
participação das autoridades oficiais, nesse aspecto, é de justiça relevar a
acção em lugar da participação nacional na construção do sucesso da celebração
do centenário”, apontou.
Segundo o presidente da Fundação Amílcar Cabral, os trabalhos realizados
por historiadores, investigadores e politólogos revelam que a memória de Cabral
tem feito um “percurso consistente” da ultrapassagem dessa “ameaça ideológica
etnocêntrica, neocolonial e anti-histórica”.
Considerou ainda que a figura de Amílcar Cabral tem vindo a
distinguir-se e a confirmar-se universalmente como pensador, teórico, estratega
e símbolo das lutas de libertação política, social e cultural das sociedades e
povos ainda oprimidos e neocolonizados, reafirmando igualmente o seu lugar
cimeiro no processo libertador e reformador africano e universal.
Para Pedro Pires, Amílcar Cabral personificava uma liderança “pedagógica,
transformadora e motivadora”, que colocava a responsabilidade do colonizado no
foco do longo e complexo processo libertador, ao se transformar em sujeito
activo da sua própria libertação política, social e cultural.
“Estamos confiantes de que a ampla e abrangente celebração em curso das
comemorações do Centenário proporcionará mais oportunidades, argumentos e
fundamentos históricos para a confirmação e a consolidação do lugar histórico
de Amélia Cabral e do seu pensamento fecundo e inovador em todo o processo de
libertação das antigas colónias africanas portuguesas em particular dos povos
africanos no geral”, sintetizou.
Promovida pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e pela Câmara Municipal da Praia (CMP) e com o apoio da Empresa de Mobilidade e Estacionamento da Praia (EMEP), a edição deste ano presta uma dupla homenagem ao centenário do nascimento de Amílcar Cabral e ao quinto centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões. ANG/Inforpress
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