Venezuela/Líder da oposição deixa o país e refugia-se em Espanha
Bissau, 09 Set 24 (ANG) - O
candidato da oposição venezuelana à presidência, Edmundo Gonzalez Urrutia,
deixou domingo a Venezuela após um mês na clandestinidade e refugiou-se em
Espanha, cujo governo anunciou
conceder-lhe o asilo político.
Urrutia que reclamava a vitória
nas presidenciais de 28 de Julho na Venezuela, era alvo de um mandado de
captura no seu país desde o passado 3 de Setembro.
O opositor Gonzalez Urrutia, dado como
derrotado pelo Supremo Tribunal do seu país perante Nicolás Maduro nas
presidenciais de 28 de Julho, deixou a Venezuela depois de ter ignorado três
convocações sucessivas da justiça, argumentando que a sua comparência poderia
custar-lhe a liberdade.
Acusado pelo Ministério Público de "desobediência às leis",
"conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem", o político de 75 anos tinha
passado a ser alvo de um mandado de captura emitido no passado dia 3 de
Setembro.
Após um mês na clandestinidade, o candidato
presidencial que reclamava a vitória com mais de 60% dos votos nas
presidenciais, acabou por encontrar refúgio na embaixada de Espanha em Caracas,
entidade junto da qual pediu o asilo a Madrid.
Na sequência deste processo, as autoridades
venezuelanas indicaram ontem ter concedido um salvo-conduto ao opositor "no interesse da paz" no
país, Urrutia seguindo depois num avião militar junto com a esposa rumo a
Madrid.
Ao anunciar ontem ter concedido asilo ao
opositor, as autoridades espanholas reiteraram a exigência de que sejam
apresentadas as actas das mesas de voto nas eleições presidenciais de 28 de
Julho e "que possam ser verificadas". Madrid
disse ainda que "não vai reconhecer nenhuma suposta
vitória" de
Nicolás Maduro, se essas condições não forem cumpridas.
A saída de Urrutia acontece numa altura em
que a situação continua tensa em Caracas, nomeadamente entre as autoridades
Venezuelanas e Brasília. As forças da ordem venezuelanas têm estado a cercar a
embaixada argentina em Caracas, onde seis quadros da oposição, acusado de
conspiração pelo regime, estão refugiados desde Março.
O Brasil que tem estado a administrar a residência
da embaixada desde que Caracas e Buenos Aires cortaram relações na sequência
das presidenciais, relembrou ontem "a
inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina", sendo que as autoridades venezuelanas
anunciaram a revogação "imediata" da
autorização dada ao Brasil de representar a Argentina no país, apesar de o
governo de Lula ter tentado exercer um papel de mediação na crise política que
se instalou desde as presidenciais.
Recorde-se que no passado dia 28 de Julho,
Nicolas Maduro foi declarado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, um
resultado contestado pela oposição que reclama uma vitória com 60% dos votos.
Perante a recusa de as autoridades venezuelanas divulgarem as actas das mesas
de voto, alegando terem sido vítimas de um ataque informático, vários países,
nomeadamente os Estados Unidos, a União Europeia e uma série de países da
América Latina, nomeadamente a Argentina, recusaram reconhecer a reeleição de
Maduro para um terceiro mandato.
A nível interno, as manifestações massivas de protesto contra estes resultados foram marcadas por um balanço de pelo menos 27 mortos, 192 feridos e cerca de 2400 detenções, segundo fontes oficiais.ANG/RFI
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