Carnaval Infantil exige reconhecimento dos direitos das crianças nas zonas rurais
Bissau, ANG - Dez grupos de crianças, representantes de escolas de Bafatá e Gabú cortaram, sábado, dia 5, o trânsito na principal rua de Bafatá em manifestações carnavalescas, e transmissões de mensagens relacionadas aos direitos das crianças, ora em pecas teatrais ora em cânticos.
Tratou-se do carnaval Infantil que a Plan Guiné-Bissau organiza anualmente na cidade de Bafatá, no Leste da Guine.
Saltaram à vista os direitos das crianças à escola, boa alimentação, saúde, entre outras. O impedimento às raparigas de frequentaram a escola, o envio de crianças Talibes ao estrangeiro para apreenderem o alcorão mereceram reprovações em pecas teatrais tendo alguns pais e encarregados de educação cedidos às pressões dos activistas dos direitos das crianças.
Durante cerca de quatro horas as crianças dominaram as atenções de todos aqueles que fizeram questão de assistir aos desfiles, e surpreenderam com as suas capacidades de encenação e de transmissão das mensagens em que a defesa e promoção dos seus direitos foram claramente exigidos.
“As crianças fizeram os seus deveres resta a nós adultos e encarregados de educação fazer a parte necessária”, disse a nova representante residente da Plan Guiné-Bissau, Fadimata Alainchar.
Maliana de nacionalidade, Alainchar reconheceu que muito ainda há por fazer em defesa e para a promoção dos direitos das crianças.
“Muitas crianças ainda passam fome, muitas morrem antes de ver a luz do dia, outras são submetidas ao casamento forcado, à circuncisão” referiu.
Para além de momentos de diversão, o carnaval Infantil de Bafatá tem sido um meio para a chamada de atenção sobre situações desagradáveis por que passam muitas crianças da Guiné-Bissau particularmente as que vivem em zonas rurais. É a quarta vez que é organizado pela Paln-Guine-Bissau. Helber Nosolini, Coordenador da Plan para área de direitos das crianças, disse que já são visíveis alguns efeitos dos quatro anos de chamada de atenção sobre os direitos das crianças.
“Ainda não atingimos a situação ideal, mas ao longo dos últimos anos tem havido melhorias.. Vimos que as causas das crianças despertam cada vez mais atenção na Guiné-Bissau. Contudo, ainda há muito por fazer, pois continua a haver muitas violações, mas esperamos que, com o tempo, vão diminuir”, disse.
Os conhecimentos sobre os direitos das crianças diferem da capital Bissau para as restantes cidades do pais e destas para as diferentes tabancas. A Primeira dama, Mariama Sanhá Mané deseja que estas diferenças sejam eliminadas. Dirigindo-se as crianças pediu que os mais crescidos levassem campanhas de promoção dos direitos das crianças às zonas mais longínquas da Guiné-Bissau. “Nas tabancas as crianças não sabem se têm direitos”, disse.
Bafatá, é uma região onde a maioria da população é muçulmana. O casamento forçado e a excisão feminina são ai práticas correntes. Já se fala de diminuição destas práticas. Salimatu Tcham, uma das habitantes desta cidade não escondeu a sua satisfacao pelo registo desse efeito dos trabalhos de longos anos levados a cabo pela Plan Guiné-Bissau e vários outros defensores dos direitos das crianças
“Aqui, no centro da cidade, o fanado de mulheres e o casamento forçado já estão, de facto, a diminuir . Nota-se que muitas famílias já começaram a ver as desvantagens de submeter as suas filhas ao fanado, sobretudo pelos problemas que enfrentam no momento de parto. Mas nas tabancas mais afastadas, você não imagina as festas que dão por causa dessa pratica nociva à mulher. As fanatecas alegam que vivem dessas práticas, mas isso não me convence. Passa-se as vezes 12 meses ou mais sem que houvesse o fanado mas ninguém more de forme”, sublinhou.
Segundo o representante do Unicef em Bissau,Geoffi Wifin um ante-projecto de Lei, que criminaliza as praticas nefastas à vida da mulher e das crianças já está no Conselho de ministros para efeitos de analise a aprovação, antes de subir ao parlamento com o mesma finalidade.
ANG/SG
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