quinta-feira, 24 de março de 2011

Economia e Finanças



Saldo da Balança de Pagamentos da GB em 2009 foi positivo, afirma DN do BCEAO

Bissau, ANG - O Director Nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO), qualificou hoje de positivo o saldo da Balança de Pagamentos da Guiné-Bissau, relativamente ao ano 2009, isto apesar da difícil situação da economia mundial neste período.
“A Guiné-Bissau, não obstante a diminuição do preço da castanha de caju, teve a sorte de ver aumentada a quantidade exportada deste produto”, informou Aladje Mamadú Fadia que referiu-se também a uma entrada maciça de financiamentos ligados a construção de infra-estruturas, obras para o sector publico, como o palácio do governo e energia.
Este responsável falava na jornada pública de difusão da balança de pagamentos e da posição exterior da Guiné-Bissau, relativamente ao ano de 2009, que hoje teve lugar em Bissau e organizada pelo BCEAO.
Todos os valores que entraram, em termos de Balança de Pagamento, contribuíram positivamente para sua melhoria, indicou o Director Nacional do BCEAO que perspectiva um bom futuro para a economia do país.
Para sustentar seu optimismo, referiu-se ao balanço efectuado pela ultima missão do Fundo Monetário Internacional que deu nota positiva a Guiné-Bissau sobre o seu desempenho macroeconómico e aliou-se também ao facto do país ter atingido, no final do ano findo, o ponto de conclusão que permitiu-lhe ver perdoada a sua divida externa.
“Isso representa um alívio a nível do Orçamento e das nossas contas externas”, frisou Aladje Mamadú Fadia que estimou que tal alivio vai contribuir para gerar poupanças, que se bem utilizadas, o pais poderá beneficiar-se disso, pois vai contribuir para o seu crescimento económico.
Em relação a evolução de transferências de emigrantes guineenses, o Director Nacional disse que tal representa mais de 20 por cento da ajuda externa e situa-se na ordem dos 5 por cento do Produto Interno Bruto, constituindo assim uma base de estabilidade social.
De acordo com Aladje Fadia, as remessas ajudam as famílias e contribuem para investimentos privados, o que é extremamente positivo para o país, tanto assim que o BCEAO pensa levar a cabo, Junho próximo, um inquérito para determinar o que se passa na área de remessas de emigrantes.
Sobre perspectivas económicas para o ano em curso, este responsável bancário revelou que em relação a castanha de caju aguarda-se um aumento em termos de produção e exportação e anunciou que os preços deste produto a nível do mercado internacional melhoraram bastante.
“Isto tudo vai contribuir para melhorar a nossa balança de pagamento e o PIB, pois possui um efeito duplo”, rematou lembrando que o país se encontra ainda muito longe em comparação com os outros Estados membros da UEMOA no que tange a situação económica.
Disse, a este propósito, que o rácio das receitas públicas sobre o produto da Guiné-Bissau se encontra muito abaixo em relação aos outros estados da comunidade, pois explicou que “estamos” a 9 por cento contra os 17 das taxas da pressão fiscal.
Em suma, a actividade económica na Guiné-Bissau, em 2009, ressentiu-se dos efeitos da crise internacional, particularmente no recuo da procura de produtos da primeira necessidade, que se traduziu na baixa do preço de castanha de caju, principal produto exportável no país.
Contudo, a actividade económica foi sustentada pelo significativo apoio do investimento público, em linha com implementação das obras de infra-estruturas de transporte e energia eléctrica, bem como a construção de novos edifícios públicos.
Na sua intervenção no evento, o Secretário de Estado do Tesouro (SET), realçou que em 2008, houve uma subida vertiginosa do preço de petróleo e produtos alimentares, fazendo acentuar os défices das contas externas dos países da UEMOA.
No ano seguinte, prosseguiu José Carlos Casimiro Varela, com o agravar da crise financeira, reduziu-se as margens de manobras dos Estados membros o que veio a reflectir negativamente no financiamento externo.
“Apesar deste contexto difícil, o país conseguiu executar acções judiciosas e reformas de envergaduras que permitiram melhor resistir aos efeitos nefastos da crise financeira atrás citada, reduzindo assim seu impacto nas populações”, argumento o SET.
José Carlos Casimiro Varela referiu-se a situação que levou a perdão da divida externa guineense, por o país ter adoptado as medidas necessárias e preenchido as condições para o alcance do ponto de conclusão.
De acordo com engajamentos assumidos, o governo implementou a estratégia de redução da pobreza, reforçou as medidas de estabilidade macroeconómica, melhorou a gestão de despesas públicas e o perfil dos indicadores sociais nos sectores da educação e saúde.
O facto do país se tornar no 33ª nação a atingir o ponto de conclusão, segundo o SET, permitiu-lhe aumentar sua margem de manobra na gestão macroeconómica e vai ajuda-lo a melhorar as suas relações com os credores externos.
A concluir referiu um conjunto de medidas adoptar pelo executivo com vista a melhorar as perspectivas económicas para o presente ano fiscal, nomeadamente prosseguimento com as reformas macroeconómicas no quadro do programa de facilidade de crédito alargado.
A implementação do novo código de investimento e de um plano de acção para eliminação das barreiras ao desenvolvimento do sector privado, prosseguimento com a reabilitação das infra-estruturas de base, o desenvolvimento do sector agrícola, face ao potencial crescimento que dispõe o sector e o reforço da gestão dos recursos naturais através da elaboração dum programa integrado, constam do rol das medidas a adoptar.
Como resultado destas acções, estimou José Carlos Casimiro Varela, a taxa de crescimento do PIB real deverá situar-se em 4,3 por cento este ano contra os 3,5 do ano transacto. “Espera-se também um aumento de receitas fiscais e redução do saldo orçamental”.
ANG/José A. Mendonça

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