“O nepotismo e clientelismo atingem nível espantoso
para o Estado”, diz Agnelo Augusto Regala
Bissau,18
set 18 (ANG) – O Ministro da Presidência do Conselho dos Ministros e Assuntos
Parlamentares afirmou que no país, a corrupção, na qual se enquadra o nepotismo
e clientelismo, atingiu um nível espantoso e devastador para o Estado e para a
sociedade em geral.
Agnelo
Augusto Regala que falava à margem da abertura da conferência sobre “o combate
a corrupção”, organizada pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas para a
Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), disse que a corrupção começou a
ganhar maior dimensão após o 14 de novembro e aliada a forma degradada como se
realizou a liberalização comercial e económica.
“Nessa altura a ganância e ambições dos governantes
abrirem o caminho a corrupção, ao narcotráfico e ao crime organizado”, disse o
governante.
Agnelo
Regala afirmou que a corrupção assume formas múltiplas, desde subornos à instrução,
ao nepotismo, ao clientelismo, ao peculato entre outras.
Criticou
a evolução do índice da corrupção no país, justificando que este fenómeno se
tornou endémico e que coroou o sistema político guineense, atingindo todo o sector de atividade do
Estado.
“Basta
olhar o sector que deveria ser “porta standards” do combate à corrupção: o
Poder Judicial. Se encontra extremamente fragilizado e descredibilzado. Estamos
todos conscientes que para um combate verdadeiro e eficaz à corrupção, temos
que ter uma justiça forte e com todos os meios necessários para poder atuar de
forma eficiente”, disse.
Regala
afirmou que, com uma formação dos guineenses, em particular da juventude,
assente numa cultura de integridade moral e política será possível levar o
cidadão a defender e a exercer os seus direitos e deveres de cidadania e
assumir o combate à corrupção como uma causa nacional.
Declarou
que para combater esse fenómeno, é necessário que o Estado adopte, e faça aplicar
uma legislação anticorrupção, acrescentando que a referida legislação preveja
realização de auditorias frequentes à contas do Estado e o reforço sobretudo a
supervisão na área de risco acrescido.
Por
seu turno, David Maglancar, representante Adjunto das Nações Unidas no país, disse
que, para combater o fenómeno, o país deve ter um sistema judiciário
independente, uma sociedade civil vibrante, um sector privado com forte sentido
de responsabilidade social, liberdade de imprensa e proteção eficaz dos
denunciantes.
Afirmou
que a corrupção está em todo o mundo nos países desenvolvidos e os que estão em
vias do desenvolvimento, e que assume muitas formas como a fraude, suborno,
apropriação indevida e desvios de fundos pelos agentes públicos, acrescentando que pode envolver tráfico de influências, uso
de informação privilegiada para fim pessoal e vendas de sentenças judiciais.
David
Maglancar disse que a corrupção mina a estrutura do Estado na medida que os
funcionários públicos se enriquecem ou fecham olhos à criminalidade, privando
as pessoas dos seus direitos, estimula a degradação ambiental, salientando que
os pobres e os mais vulneráveis são mais atingidos pela corrupção e a
impunidade.
Esse
fenómeno, segundo Maglancar, mina também a democracia e a governação e gera a
desconfiança numa sociedade, destrói a confiança nos processos eleitorais e
enfraquece a cidadania.
O
adjunto do representante do PNUD em Bissau, referiu que a Guiné-Bissau é um dos
186 países que ratificaram a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção e que
o instrumento exige um forte engajamento do Estado e todos os cidadãos para
garantir a sua implementação.
Informou que no país, as Nações
Unidas estão a trabalhar com agência de aplicação da lei, como sistema judiciário
e a analisar como trabalhar com Assembleia Nacional Popular para aumentar a
capacidade interna e garantir a supervisão de uso de fundos públicos, ajudando
a treinar funcionários públicos e a fortalecer o mecanismo nacional de combate
à corrupção.
A conferência encerra os seus
trabalhos quarta-feira, e segundo a chefe da unidade de informação da UNIOGBIS
e igualmente porta-voz da missão, Júlia Galvão Alinho tem como objetivo juntar
todos os organismos que combatem a corrupção para uma reflexão sobre como
melhorar o quadro de combate ao fenómeno
no país.
Júlia Alinho disse que, segundo o
ranking internacional compilado pela organização de transparência
internacional, a Guiné-Bissau está nos dez primeiros países mais corruptos do
mundo e é o terceiro país do mundo onde é mais fácil lavar dinheiro.
ANG/DMG/ÂC//SG
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