Alterações
climáticas/Cumprir Acordo
de Paris poderia salvar milhões de vidas – estudo
Bissau, 10 Fev 21 (ANG)
– Milhões de pessoas poderiam ser salvas em cada ano se os países aumentassem
as medidas para cumprir os objectivos do Acordo de Paris e impedir o
aquecimento global, indica um estudo hoje divulgado, que tem 2040 como
horizonte.
O estudo é da
responsabilidade da revista científica britânica Lancet, através da iniciativa
“Lancet Coutdown on Health and Climate Change” (Contagem decrescente em Saúde e
Alterações Climáticas), e foi publicado hoje no boletim “The Lancet Planetary
Health”.
De acordo com o
documento, a adopção de políticas que dêem prioridade à saúde e que sejam
consistentes com os objectivos do Acordo de Paris, de impedir que as
temperaturas globais não subam mais de dois graus em relação à época
pré-industrial, e de preferência menos de 1,5 graus celsius, poderiam salvar
vários milhões de vidas até 2040 em nove países.
Nos cálculos dos
investigadores poderiam ser salvas 6,4 milhões de pessoas através de melhor
alimentação, 1,6 milhões conseguindo ar mais limpo e 2,1 milhões promovendo o
exercício físico.
Os países considerados
para o estudo – Brasil, China, Alemanha, Índia, Indonésia, Nigéria, África do
Sul, Reino Unido e Estados Unidos – representam metade da população mundial e
70% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
Segundo o Acordo de
Paris, sobre redução de emissões, todos os países devem apresentar as suas
contribuições nacionais (NDC, Nationally Determined Contributions) para a
redução de GEE e limitar o aquecimento do planeta.
Essas NDC deviam ser
actualizadas antes da próxima cimeira do clima (COP26) prevista para 2020 mas
adiada para este ano devido à covid-19. Até agora muitos países, incluindo seis
do grupo dos nove em estudo, ainda não actualizaram as NDC (actualizaram 39
países e a UE), sendo que, notam os autores, com as actuais metas há o risco de
a temperatura aumentar mais de três graus.
Ian Hamilton, director
executivo da “The Lancet Countdown on Health and Climate Change”, diz, citado
no estudo, que os benefícios para a saúde de políticas climáticas ambiciosas
têm um impacto positivo imediato, e acrescenta que “existe uma oportunidade de
colocar a saúde na vanguarda das políticas relativas às alterações climáticas
para salvar ainda mais vidas”.
Os autores do estudo
fizeram estimativas tendo em conta as emissões de GEE geradas pelos sectores da
energia, agricultura e transportes, as mortes anuais devidas à poluição
atmosférica e factores de risco relacionadas com a dieta e inactividade física.
E usaram três cenários diferentes, um com as actuais políticas decorrentes das
NDC em vigor, outro cumprindo o Acordo de Paris e outro que analisa os
benefícios adicionais de incorporar no segundo cenário objectivos de saúde
explícitos.
“Os benefícios para a
saúde do reforço dos compromissos das NDC são gerados tanto através da
mitigação directa das alterações climáticas como através do apoio a acções para
reduzir a exposição a poluentes nocivos, melhorar as dietas e permitir uma
actividade física segura”, diz-se no documento.
E apesar de dizerem que
alguns países reforçaram as suas ambições em termos de redução de emissões de
GEE, alertam que mesmo assim, com base nesses anúncios de compromissos, “o
mundo ainda não está no bom caminho para cumprir os objectivos do Acordo de
Paris e enfrentaria 2,5 graus celsius de aquecimento até final do século”.
O “Lancet Coutdown on Health and Climate Change” é uma colaboração internacional para uma visão global da relação entre a saúde pública e as alterações climáticas e junta mais de 120 especialistas em diversas áreas, publicando todos os anos um relatório. ANG/Inforpress/Lusa
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