vacina/LÍDERES DO ACORDO DE COMÉRCIO EM ÁFRICA PEDEM
SUSPENSÃO DAS PATENTES
Bissau, 23 Fev 21 (ANG) - O líder do secretariado do acordo de comércio livre em África disse segunda-feira que os países africanos devem tentar promover alterações ao regime de propriedade intelectual para fabricarem mais rapidamente vacinas contra a covid-19.
"Para ter mais
acesso às vacinas, precisamos de olhar para o regime de propriedade intelectual,
particularmente no que diz respeito às patentes, para vermos como podemos
aceder mais depressa às vacinas e garantir que podemos ter uma indústria de
medicamentos genéricos", disse Wamkele Mene, durante a sua intervenção no
20º Fórum Económico Internacional de África, que decorreu em formato virtual a partir de Paris.
"As regras
sobre o que vamos fazer ao abrigo do acordo de comércio livre em África têm de
abordar esta questão de saúde pública, que representa uma crise existencial
para África", disse o responsável, salientando que vários países já
levantaram o problema na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A questão da isenção
das patentes para as vacinas e para os dispositivos médicos já tinha sido
levantada, no início do mês, pela organização de ajuda humanitária Médicos Sem
Fronteiras (MSF).
"Os MSF pediram
aos países ricos que se opõem à proposta para não a bloquearem e com isso
arruinarem o salvamento potencial de milhares de milhões de pessoas no resto do
mundo", lê-se num comunicado, divulgado a 03 de Fevereiro.
Em causa está a
existência de patentes de propriedade intelectual para determinados produtos e
equipamentos médicos, que impedem que outros fabricantes para além da empresa
original possam produzir esse material, que é usado para combater a pandemia de
covid-19.
"Temos uma
mensagem simples para os governos que se opõem à proposta sobre o fim deste
monopólio: por favor não a bloqueiem; não temos um terreno de jogo equilibrado,
por isso, mesmo que vocês não precisem ou não concordem, não impeçam outros
países de beneficiar desta isenção que permite proteger o seu próprio povo,
porque esta pandemia não vai acabar até ter acabado para toda a gente",
escreveu então o director executivo da Campanha de Acesso dos MSF, Sidney Wong.
Esta proposta, lê-se
ainda no comunicado, "pretende permitir que os países possam escolher não
implementar as regras da propriedade intelectual e outras exclusividades que
podem impedir a produção e a distribuição de equipamentos médicos relacionados
com a covid-19".
Suspender as regras
da propriedade intelectual para estes produtos "daria um sinal crucial aos
potenciais produtores que podem começar a produzir equipamentos médicos
essenciais contra a covid-19 sem receio de a sua produção ser bloqueada por
patentes ou outros monopólios", acrescenta-se no comunicado. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário