Khashoggi/Príncipe herdeiro saudita aprovou assassínio de
jornalista – relatório dos EUA
Bissau, 26 Fev 21 (ANG) – O príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, aprovou o assassínio em 2018 do jornalista Jamal Khashoggi, segundo um relatório dos serviços secretos dos Estados Unidos passado à imprensa, indicou a EFE.
‘Media’ norte-americanos
indicaram que o relatório deve ser divulgado hoje pelo governo e tem por base
sobretudo informações recolhidas pela Agência Central de Informação (CIA).
“A divulgação pública
(do relatório) marcará um novo capítulo nas relações dos Estados Unidos com a
Arábia Saudita e uma diferença clara entre a política do Presidente Joe
Biden e a do ex-Presidente Donald Trump”, disse a emissora NBC, indicando ter
tido acesso ao texto em 2018.
Na quarta-feira, a
porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse aos jornalistas que o “relatório
desclassificado” seria divulgado em breve pela directora nacional de
informação, Avril Haines.
Disse também que o
Presidente norte-americano devia falar em breve ao telefone com o rei Salman da
Arábia Saudita, pai de Mohammed, conhecido como MBS e interlocutor privilegiado
da diplomacia de Trump.
Jen Psaki confirmou a
intenção de Joe Biden de “recalibrar” a relação com Riade em relação à anterior
administração norte-americana, algumas vezes acusada de ter fechado os olhos à
questão dos direitos humanos em relação ao seu aliado próximo.
“Isto significa que não
ficará em silêncio, dirá alto e bom som quando estiver preocupado com as
violações dos direitos humanos, com a falta de liberdade de imprensa e de
expressão”, adiantou.
A divulgação do
relatório sobre Khashoggi pode ser o primeiro teste da “recalibragem”, segundo
a agência France-Presse.
O saudita Jamal
Kashoggi, 59 anos, residente nos Estados Unidos e cronista do jornal The
Washington Post, foi assassinado no consulado do seu país em Istambul
(Turquia), a 2 de Outubro de 2018, por agentes sauditas.
O Senado
norte-americano, que teve acesso às conclusões dos serviços de informações,
considerou na altura que o príncipe herdeiro era “responsável” pelo assassínio.
Riade inicialmente negou
qualquer responsabilidade, mas mais tarde disse que o jornalista foi morto
acidentalmente por agentes que tentavam extraditá-lo.
A versão oficial da
Arábia Saudita é que esses agentes, ligados a Mohammed bin Salman, agiram por
conta própria e que o príncipe não esteve envolvido.
Oito pessoas foram condenadas na Arábia Saudita pela morte de Khashoggi, cinco das quais à pena capital. Mais tarde estas sentenças foram comutadas para 20 anos de prisão. ANG/Inforpress/Lusa
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