Liberdade de imprensa/ Hungria vai tirar do ar
primeira rádio independente do país
Bissau, 10 Fev
21 (ANG) - A primeira rádio independente
do país, governado pelo populista de direita Viktor Orban, perdeu nesta
terça-feira (9) na Justiça o recurso contra o fim de sua concessão e vai sair
do ar no próximo domingo (14).
A Klubradio critica com frequência o
governo “soberanista” do país da Europa Central, que faz parte da União
Europeia. O diretor da emissora, Andras Arato, denunciou uma “decisão
vergonhosa e covarde” do Tribunal de Budapeste.
Ele anunciou que irá entrar com um último
recurso contra o fechamento na Corte Suprema. Até lá, o diretor promete
que Klubradio vai continuar informando os húngaros na internet e
convida os ouvintes a apoiar a emissora.
“Em uma ditadura, não há espaço para vozes
divergentes”, protestou com tristeza um dos apresentadores, Janos Desi.
Em setembro de 2020, o Conselho das Mídias
(NMHH), que regula as empresas de comunicação na Hungria, havia se recusado a
prolongar a concessão da rádio, que termina em 14 de fevereiro. O NMHH,
implantado em 2011 por Viktor Orban, alegou que a emissora apresentou em duas
ocasiões documentos administrativos com atraso.
No entanto, o órgão autorizou a
Klubradio a participar da concorrência para obter a mesma frequência, que
abrange principalmente a capital Budapeste.
Considerando a medida ilegal, a emissora
entrou com o recurso no Tribunal da capital pedindo uma permissão temporária
para continuar transmitindo sua programação, enquanto o leilão sobre a nova
concessão não acontecesse, mas os juízes decidiram tirar a estação do ar. Duas
outras rádios entraram na disputa pela mesma frequência. O leilão só deve ser
realizado em vários meses.
Suspender a Klubradio é um “sinal
inquietante em relação ao respeito do pluralismo e da independência da mídia”
na Hungria, denunciou hoje a diplomacia francesa. “Pedimos que o país respeite
os engajamentos europeus sobre a liberdade de expressão”, ressaltou a porta-voz
do Ministério das Relações Exteriores da França.
"Mais uma voz reduzida ao silêncio na
Hungria, mais um dia triste para a liberdade de imprensa”, tuítou a comissária
dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Dunja Mijatovic.
Klubradio, criada nos anos 1990, enfrentou nos últimos anos vários obstáculos e batalhas jurídicas para poder continuar emitindo. O caso é uma nova derrota para os meios de comunicação independentes húngaros. O setor sofre uma grande pressão do governo desde que Orban voltou ao poder em 2010.
Vários canais fecharam ou passaram a ser controlados por partidários do primeiro-ministro populista, a exemplo do principal site de informação do país, Index. Ao mesmo tempo, os veículos de comunicação públicos ou estatais são acusados de terem se transformado em instrumento de propaganda.
A Hungria ocupa o 89º lugar (em um total de 180) no ranking mundial de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Em 2010, quando Orban voltou ao poder, o país ocupava o 23º lugar. No final de 2018, Bruxelas iniciou um procedimento disciplinar raro contra a Hungria por “violação grave” dos valores da União Europeia, denunciando principalmente a redução do pluralismo da mídia no país. ANG/RFI/AFP.
Sem comentários:
Enviar um comentário