Diplomacia/FRANÇA EM "GUERRA" COM CHINA NA AJUDA A
DESENVOLVIMENTO DOS PAÍSES POBRES
Bissau, 19 Fev 21 (ANG) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de França,
Jean-Yves Le Drian, reconheceu hoje que, na ajuda ao desenvolvimento, há uma
"guerra de modelos" com a China, na qual está em jogo a influência
internacional.Bandeira de França
"Na ajuda ao
desenvolvimento há uma guerra de modelos", disse o ministro à imprensa
francesa, detalhando a nova lei de França, que elevará de 10 mil milhões para
15 mil milhões de euros o orçamento anual para o apoio ao desenvolvimento dos
países mais pobres.
Le Drian explicou
que, enquanto Pequim concede empréstimos para a construção de infra-estruturas,
a França vai apostar mais em acordos com autoridades locais e organizações que
respeitam as identidades dos países beneficiários.
"Os países
africanos começam a perceber que o endividamento excessivo que têm com a China
causa problemas", argumentou o chefe da diplomacia francesa, considerando
que há países que "fazem da ajuda ao desenvolvimento um instrumento de
predação".
Bancos estatais e
outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para
projectos lançados no âmbito do plano de infra-estruturas 'uma faixa, uma
rota', que inclui a construção de portos, aeroportos, auto-estradas ou malhas
ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.
Críticos da
iniciativa apontam para um aumento problemático do endividamento, que em alguns
casos coloca os países numa situação financeira insustentável.
O ministro observou
que a China também está a usar a diplomacia das vacinas para aumentar a sua
influência em África, mas alertou que "tirar fotos de vacinas em aeroportos
não significa ter uma política de vacinação".
"Faremos as
contas no final", frisou Le Drian, que defendeu a política europeia de
compra conjunta de vacinas e garantiu que, a partir do final deste mês,
começarão a ser distribuídas aos países mais necessitados.
Le Drian disse que a
"imunidade colectiva" contra a covid-19 é "essencial" e
destacou que a Europa já comprou dois mil milhões de vacinas, mas que no
planeta há 7,5 mil milhões de pessoas.
O ministro
reconheceu que a França ficou para trás na ajuda ao desenvolvimento por falta
de meios e de uma lei adequada para a sua distribuição, mas indicou que, a
partir de agora, vai aumentar os recursos e, sobretudo, melhorar a eficiência
no financiamento de projectos específicos.
Além de focar a
ajuda nos 18 países mais pobres da África e no Haiti, França vai concentrar-se
em projectos voltados para a educação, saúde, igualdade do género e combate ao
aquecimento global.
Acrescentou que boa parte dessa ajuda será feita através de doações, porque esses países já atingiram um alto nível de endividamento.ANG/Angop
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