CPLP/Estados-membros
vão poder definir grupos alvo da
mobilidade
Bissau, 19 Fev 21 (ANG) – A proposta para a
mobilidade na CPLP indica grupos de cidadãos alvo, mas também dá aos
Estados-membros liberdade para criarem outros, disse o embaixador de Cabo Verde
em Lisboa, país que tem a Presidência da organização.
Segundo o diplomata
Eurico Monteiro, esta foi uma das decisões tomadas na VI Reunião Técnica
Conjunta sobre Mobilidade na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
que decorreu entre quarta e quinta-feira por videoconferência.
A reunião tinha por
objectivo conseguir consensos sobre matérias em relação às quais ainda havia
divergências entre os nove países da comunidade no que respeitava a um projecto
de livre circulação de pessoas no espaço da organização.
“Nós tínhamos ainda um
problema relativo aos diversos grupos de cidadãos que serão os destinatários
(…) dos títulos de mobilidade. Estávamos ainda a discutir os diversos
agrupamentos possíveis e a tentar chegar à conclusão se deveríamos ter todos os
agrupamentos fixos ou se podíamos dar a indicação dos agrupamentos possíveis e
deixar liberdade aos Estados de também criarem outros agrupamentos”, afirmou o
diplomata cabo-verdiano.
Tendo em conta que toda
a proposta sobre mobilidade se baseia no princípio da flexibilidade, chegou-se
“a um consenso [nesta matéria], que é criar esses agrupamentos, mas sem
prejuízo de os Estados, nos instrumentos adicionais de parceria, poderem também
fazer outros agrupamentos em conformidade com os seus interesses e com a
realidade”, adiantou, em declarações à Lusa.
“Queremos que os
cidadãos possam ter a mobilidade no quadro da CPLP e dar a possibilidade de se
incluir todos os cidadãos, mas permitindo que os Estados-membros possam fazer
isso de uma forma faseada, criando agrupamentos de cidadãos, sejam da cultura,
empresários, académicos” ou outros, referiu.
Segundo Eurico Monteiro,
“isto é bom porque os interesses dos estados são diferentes” e com este acordo
os objectivos da Presidência cabo-verdiana da CPLP, que definiu a criação de um
projecto de mobilidade como a sua primeira prioridade, “foram atingidos”.
Isto apesar de terem
ficado de fora alguns dos assuntos que a presidência cabo-verdiana gostaria de
ter definido de forma clara no texto final da proposta, como era o caso das
certificações dos títulos académicos e profissionais ou o uso das contribuições
para a Segurança Social dos cidadãos que entrem na mobilidade.
“O que não poderíamos
querer era uma solução artificial, que depois não fosse fazível, por
impossibilidade da sua concretização ao nível interno” dos Estados-membros,
justificou.
Porém, continua a
defender que a mobilidade deve “funcionar com certificações académicas e com a
Segurança Social”. E para isto “as instituições da Segurança Social têm que
entrar em acordo, como as ordens profissionais e as instituições académicas”
também, no que respeita ao reconhecimento dos títulos académicos e
profissionais. Porque nada se pode fazer à revelia delas”, salientou.
O texto final da
proposta de mobilidade deverá ser apreciado e aprovado no próximo Conselho de
Ministros extraordinário, a realizar no final de Março, mas ainda sem data
definida, e depois irá à Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, prevista
para Julho, em Luanda, capital de Angola, país que assumirá então a presidência
rotativa da CPLP.
Em causa, nesta reunião
da comissão técnica estavam três pontos de divergência entre os países
lusófonos. Dois deles – a certificação das ordens académicas e profissionais e
as contribuições dos cidadãos para a Segurança Social – vão ser determinados
pelos regulamentos internos dos Estados.
Já em relação às taxas e
emolumentos dos títulos de mobilidade, outro dos aspetos, os Estados-membros
decidiram, por consenso, definir um “teto máximo”, e haverá determinados casos
de isenção, adiantou o diplomata cabo-verdiano na quinta-feira, após o final do
encontro.
A CPLP conta com nove
Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. ANG/Inforpress/Lusa
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