Navalny/UE deplora decisão de tribunal que visa “suprimir oposição política” na Rússia
Bissau, 10 Jun 21(ANG) – A União Europeia deplorou hoje a decisão da justiça russa de classificar as organizações do opositor Alexei Navalny como “grupos extremistas”, considerando que se trata do “maior esforço até à data” de Moscovo para suprimir a oposição política.
“A decisão tomada ontem
[quarta-feira] por um Tribunal de Moscovo de classificar as organizações de
Alexei Navalny como ‘grupos extremistas’ representa o maior esforço até à data
do Governo russo para suprimir a oposição política independente e as
investigações anti-corrupção, e para eliminar a influência das redes políticas
do senhor Navalny antes das eleições” legislativas de Setembro, comentou hoje o
chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Num comunicado divulgado
em Bruxelas, o Alto Representante da UE para a Política Externa considera que a
sentença é “uma decisão infundada que confirma um padrão negativo de uma
repressão sistemática dos direitos humanos e das liberdades consagradas na
Constituição russa”.
“Esta decisão terá
consequências de grande alcance para a sociedade civil, oposição e vozes
críticas russas. Instamos o Governo russo a cumprir plenamente as suas
obrigações e compromissos internacionais que assumiu, inclusive no Conselho da
Europa e na OSCE, no sentido de defender estes direitos”, prossegue o chefe de
diplomacia da UE.
Josep Borrell reitera o
apelo dos 27 à “libertação imediata e incondicional de Navalny”, uma vez que a
UE considera a sua sentença “politicamente motivada e contrária às obrigações
internacionais da Rússia em matéria de direitos humanos”.
“Esperamos também que a
Rússia cumpra as suas obrigações ao abrigo da Convenção Europeia dos Direitos
do Homem, incluindo o cumprimento da medida provisória do Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem no que respeita à natureza e extensão do risco para a vida do
senhor Navalny”, conclui o Alto Representante, advertindo que a União
responsabiliza as autoridades russas “pela segurança e saúde” do opositor
político.
A justiça russa designou
na quarta-feira como “extremistas” as organizações ligadas a Navalny,
considerando que “ficou demonstrado que essas organizações não só difundiam
voluntariamente informações com incitação ao ódio e hostis relativamente aos
representantes do poder, como cometiam igualmente crimes e delitos
extremistas”, declarou no final da audiência um representante da procuradoria.
Esta decisão permite a
Moscovo ‘amordaçar’ as organizações de Navalny, designadamente o Fundo de Luta
contra a Corrupção e os gabinetes regionais responsáveis pela organização de
manifestações e das campanhas eleitorais, aumentando a repressão sobre os seus
apoiantes a poucos meses das eleições para o parlamento russo agendadas para
Setembro.
Detido em Janeiro após o
seu regresso da Alemanha, onde recuperou de uma tentativa de envenenamento que
atribuiu ao Kremlin, o opositor e militante anti-corrupção foi condenado a dois
anos e meio de prisão por um caso de fraude registado em 2014 e que denuncia
como político.
Navalny, 45 anos, que
cumpre a sua pena na região de Vladimir, a uma centena de quilómetros de
Moscovo, iniciou em Abril uma greve de fome de 24 dias para denunciar as
condições de detenção na colónia penitenciária de Pokrov, considerada uma das
mais duras da Rússia.
Na quarta-feira,
conhecida a decisão do tribunal russo, Navalny garantiu, numa mensagem
divulgada na rede social Instagram, que o movimento que lidera “adaptar-se-á”,
mas jamais “recuará”. ANG/Inforpress/Lusa
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