Emergência alimentar/BAD reúne-se em Accra e quer evitar crise alimentar em África
Bissau,
23 Mai 22 (ANG) - Os encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento
(BAD) começam hoje (segunda-feira) em Accra, dias após a instituição aprovar um
mecanismo de 1,5 mil milhões de dólares para tentar evitar uma crise alimentar
iminente no continente.
A
iniciativa, anunciada na sexta-feira à noite e intitulada Mecanismo Africano de
Produção Alimentar de Emergência, vai beneficiar 20 milhões de agricultores
africanos, que receberão sementes e tecnologia certificadas para produzir
rapidamente 38 milhões de toneladas de alimentos, um aumento de 12 mil milhões
de dólares na produção de alimentos em apenas dois anos, explicou o BAD em
comunicado.
A
insegurança alimentar em África, já afetada pela pandemia de covid-19 e por
fenómenos decorrentes das alterações climáticas, agravou-se com a ruptura do
abastecimento alimentar resultante da guerra na Ucrânia, e África enfrenta
agora uma escassez de pelo menos 30 milhões de toneladas de alimentos,
especialmente trigo, milho e soja importados de ambos os países, alertou a
instituição.
"A
ajuda alimentar não pode alimentar África. África não precisa de tigelas nas
mãos. África precisa de sementes na terra, e máquinas de colheita para colher
alimentos abundantes produzidos localmente. África quer alimentar-se a si
própria com orgulho, porque não há dignidade em mendigar comida", disse o
presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, citado
no comunicado.
A crise
alimentar será um dos temas a discutir nos encontros anuais do BAD, que se
realizam no Ghana entre hoje e sexta-feira, com sessões presenciais após dois
anos em formato virtual devido à pandemia.
"Os
encontros são há muito esperados. Quarenta e uma economias africanas estão
gravemente expostas a pelo menos uma de três crises simultâneas -- aumento dos
preços dos alimentos, aumento dos preços da energia e condições financeiras
mais restritivas", disse no dia 13 o ministro das Finanças do Ghana, país
que acolhe a reunião.
Em
conferência de imprensa durante uma visita do BAD para preparar os encontros,
Ken Ofori-Atta recordou que os preços dos alimentos em África estão 34% mais
altos, os preços do petróleo subiram 60% e a inflação afeta todos os países.
"Os
novos pobres em África aumentaram em 55 milhões e cerca de 35 milhões de
empregos formais estão em risco", disse o ministro, lembrando que isto
acontece quando o continente está ainda a tentar recuperar da pandemia de
covid-19.
Ofori-Atta
recordou também que os participantes do encontro irão discutir uma proposta
para o Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD), o braço concessional do BAD,
que celebra este ano 50 anos, poder aceder aos mercados de capitais para
alavancar 25 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros).
Com o
tema "Alcançar a Resiliência Climática e uma Transição Energética Justa
para África", o encontro deverá também focar-se em apresentar
recomendações para o continente sair mais resiliente das várias crises que
enfrenta.
Numa
conferência de imprensa virtual de lançamento dos Encontros Anuais do BAD, em
abril o economista-chefe em exercício e vice-presidente de Governança e Gestão
do Conhecimento do BAD, Kevin Urama, explicou a escolha do tema da reunião.
"Quem
conheça bem o desenvolvimento de África sabe que África irá acolher a COP27
[conferência das partes sobre alterações climáticas, no Egipto] e sabemos que
as alterações climáticas serão um fator de mudança para a trajetória do
desenvolvimento global e África, como sempre, terá implicações significativas
da transição climática", afirmou.
Os
participantes irão discutir como aumentar o financiamento da adaptação
climática, quando África recebe apenas 3% dos fluxos globais de financiamento
climático.
Os
encontros anuais são o evento mais importante do BAD, que tem 54
Estados-membros africanos e 27 não africanos, e reúnem cerca de 3.000 delegados
e participantes anualmente. ANANG/Angop
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