terça-feira, 31 de maio de 2022

     NATO/Presidente turco reitera oposição à entrada da Suécia e Finlândia

Bissau, 31 Mai 22 (ANG) - O Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan reiterou a sua oposição à entrada da Suécia e  Finlândia na NATO e acusou ambos   os países de “apoiarem o terrorismo” ao darem asilo a militantes do PKK que Ancara considera como terroristas.

A Turquia também lamenta o embargo dos países escandinavos ao fornecimento de armas a Ancara, implementado em 2019 após a intervenção turca na Síria.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou, este fim-de-semana, que “enquanto for o presidente da Turquia, não se vai dizer sim à entrada na NATO de países que apoiam os terroristas”.

Erdogan voltou a subir a parada e confirmou que “não está satisfeito” com a resposta da Suécia e da Finlândia às exigências turcas, e que, portanto, o veto turco à entrada destes dois países na NATO mantém-se, por agora.

O chefe de Estado turco disse que “infelizmente” as negociações - que decorreram em Ancara, na semana passada - entre a delegação turca e as delegações da Suécia e da Finlândia “não atingiram o nível desejado”.  Recep Tayyip Erdogan sublinhou que “há terroristas que ainda se passeiam livremente pelas ruas de Estocolmo, protegidos pela própria polícia sueca”.

O Presidente turco referia-se a algumas manifestações de organizações curdas que protestavam contra as exigências turcas e também teria ficado irado com uma entrevista que Salih Muslim, líder do PYD - o braço político das milícias curdas sírias do YPG, que Ancara diz serem um grupo terrorista - deu à televisão estatal sueca SVT na semana passada.

A Turquia diz que o PYD e o YPG são uma extensão do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, um grupo separatista curdo, considerado uma organização terrorista pela NATO, pela UE e por Washington, e que luta há 40 anos contra o estado turco.

Salih Muslim é considerado um líder terrorista pelas autoridades turcas, que exigem a sua extradição. Nessa entrevista, o político curdo sírio diz que confia no estado de direito na Suécia e que este país não poderá responder positivamente a algumas das exigências turcas. Na mesma entrevista, Salih Muslim recusou responder se o YPG era de facto afiliado ao PKK, mas durante a transmissão foram mostradas imagens, captadas em diversos locais, onde se via fotografias de Abdullah Ocalan, o líder histórico do PKK.

Ancara questiona o momento desta entrevista, enquanto os editores suecos defendem a liberdade de expressão e de informação.

Os países escandinavos já fizeram saber que estariam prontos a levantar o embargo da venda de armas à Turquia, que decretaram em 2019 depois da última intervenção turca no norte da Síria. No entanto, será mais difícil haver acordo nas exigências de extraditar indivíduos e acabar com o apoio político ou militar a grupos que Ancara aponta como terroristas, já que o Governo da Suécia indicou que, ao contrário do que a Turquia diz, nunca enviou armas ou apoio financeiro para organizações curdas sírias.

Entretanto, o Presidente turco reiterou também a vontade de intervir uma vez mais no norte da Síria para criar mais uma zona tampão de 30 quilómetros.

O objectivo é impedir aquilo que Ancara diz ser ataques terroristas cada vez mais frequentes contra o seu território.

A nova operação, que foi validada pelo conselho de segurança nacional na semana passada, incidiria precisamente sobre o território controlado pelas milícias do YPG, que foram o principal aliado da coligação internacional na luta contra o Daesh. Nessa zona, há ainda tropas americanas – que apoiaram militarmente o YPG, e russas. ANG/RFI

 

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