FMI/ Crise alimentar pode acabar em “agitação social e violência”
Bissau,
19 Mai 22 (ANG) – A diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI)
avisou hoje que a insegurança alimentar vivida em muitos países, aliada à alta
inflação, leva a situações de fome, “que muitas vezes desencadeia agitação
social e violência”.
“Estas
pressões ocorrem numa altura em que as finanças públicas dos países já estão
pressionadas devido à pandemia e o fardo da dívida pública é elevado; com a
inflação a atingir os níveis mais elevados em décadas, os rendimentos dos
agregados familiares mais vulneráveis nos países de baixo e médio rendimento
ficam em risco grave de insegurança alimentar, e a história mostra-nos que a
fome muitas vezes desencadeia agitação social e violência”, alertou a líder do
FMI.
“A
comunidade internacional precisa de realizar ações de forma rápida e coordenada
para aplacar de forma eficaz a crise alimentar, mantendo o comércio aberto,
apoiando as famílias mais vulneráveis, garantindo uma oferta agrícola
suficiente e lidando com as pressões de financiamento”, acrescentou Georgieva,
salientando que, da parte do FMI, irá garantir “aconselhamento nas políticas,
assistência ao desenvolvimento da capacitação e apoio financeiro para catalisar
e complementar o financiamento de outras instituições”.
Na
nota, a diretora executiva do FMI aponta os exemplos da Moldova e de Moçambique
como países que recentemente receberam apoio financeiro, “com um foco no
fortalecimento das redes de apoio social para os agregados familiares
vulneráveis”.
A
declaração de Georgieva surge acompanhada do Plano de Ação das Instituições
Financeiras Internacionais para Lidar com a Insegurança Alimentar que afeta
especialmente os países mais vulneráveis.
O
plano partilhado pelas instituições financeiras multilaterais apresenta seis
grandes objetivos: apoiar as populações vulneráveis, promover o comércio
aberto, mitigar a escassez de fertilizantes, apoiar a produção de alimentos
agora, investir em agricultura resiliente ao clima para o futuro, e apostar na
coordenação para maximizar o impacto.
A
apresentação do plano segue-se à reunião destas entidades, convocada pelo
Tesouro norte-americano, equivalente ao Ministério das Finanças nos governos
europeus, em 19 de abril, e envolve, para além do FMI, o Banco Africano de
Desenvolvimento, o Banco Asiático de Desenvolvimento, o Banco Europeu para a
Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento, o
Banco Mundial e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
A
Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou
mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número
real ser muito maior.
A
guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 85.º dia, causou já a fuga de mais de 14
milhões de pessoas das suas casas – cerca de oito milhões de deslocados
internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais
recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na
Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também
as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de
assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão
russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que
respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções
económicas e políticas a Moscovo.
ANG/Inforpress/Lusa
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