Moscovo/Rússia anuncia 12 bases
militares na fronteira ocidental
Bissau, 20 Mai 22 (ANG) - A Rússia vai criar 12 bases militares
na sua fronteira ocidental até ao final do ano para responder ao reforço da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com a potencial integração da
Finlândia e da Suécia, anunciou hoje o ministro da Defesa, Serguei Shoigu.
"Os nossos vizinhos mais
próximos, a Finlândia e a Suécia, solicitaram a adesão à NATO. Portanto, a
tensão continua a crescer na área de responsabilidade do distrito militar
ocidental", afirmou Shoigu, numa reunião do Ministério da Defesa russo
transmitida na televisão pública.
"Estamos a tomar as
devidas contramedidas. Para isso, estamos a melhorar activamente a composição
de combate das tropas. Até ao final do ano, serão formadas 12 unidades e
subunidades militares no distrito militar ocidental", explicou.
O ministro da Defesa
russo indicou que, ainda este ano, as tropas russas também irão receber mais de
2.000 armas modernas e equipamentos militares.
De acordo com Shoigu, a
situação no flanco estratégico ocidental apresenta, no contexto geral, "um
aumento das ameaças militares perto das fronteiras russas", particularmente
pela intensidade dos voos da aviação estratégica dos Estados Unidos na Europa,
que se multiplicou por 15 - de três para 45 por ano - e pelas visitas de navios
norte-americanos com mísseis guiados, que se tornaram sistemáticas no Mar
Báltico.
O ministro referiu ainda
que, só este ano, entraram seis vezes no enclave russo báltico de Kaliningrado
(estrategicamente localizado entre a Polónia, a Lituânia e o mar Báltico),
zonas de potenciais lançamentos de mísseis de cruzeiro, navios norte-americanos
com armas guiadas.
Desde 2016, o sistema de
controlo detectou 24 "acções deste tipo", acrescentou o
representante.
Segundo Shoigu, os
Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão
também a aumentar a escala de combate dos treinos operacionais perto das
fronteiras da Rússia.
Por seu lado, o Exército
russo aumentou em 25 por cento o nível de instrução das unidades distritais no
inverno passado face ao ano anterior e irá receber, tal como a Marinha,
'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) estratégicos a curto prazo.
Segundo Moscovo, os
'drones' têm sido activamente usados para tratar de uma grande variedade de
tarefas, pelo que o número de voos é agora sete vezes mais frequente do que era
há 10 anos.
Na campanha militar na
Ucrânia iniciada em 24 de Fevereiro, explicou o ministro da Defesa, os 'drones'
russos realizaram mais de 25.000 horas de voo, sendo usados para tarefas de
reconhecimento aéreo e, em áreas urbanas densas, para ataques cirúrgicos
selectivos.
O ministro da Defesa
russo aproveitou ainda o seu discurso para garantir que a conquista da região
ucraniana de Lugansk (leste) está quase completa e que 1.908 soldados
ucranianos entrincheirados na fábrica siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, se
renderam até ao momento.
"Unidades das
forças armadas russas, juntamente com divisões das milícias populares das
repúblicas de Lugansk e Donetsk, continuam a aumentar o controlo sobre os
territórios do Donbass. A libertação da república popular de Lugansk está quase
completa", concluiu.
A Finlândia e a Suécia
apresentaram, esta semana, um pedido formal de adesão à NATO, pondo termo à
posição histórica dos dois países nórdicos de neutralidade e de
não-alinhamento.
A questão da adesão à
NATO foi suscitada em Estocolmo e em Helsínquia pelo agravamento da situação de
segurança causada pela guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa.
A Rússia lançou em 24 de
Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis,
segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito
maior.
A guerra na Ucrânia, que
hoje entrou no 86.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das
suas casas - cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões
para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que
classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
Também as Nações Unidas
disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência
humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi
condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o
envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas
a Moscovo. ANG/Angop
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