Haia/Alegado financiador do
genocídio no Rwanda inapto para ser julgado
Bissau, 06 Jun 23 (ANG) - Um tribunal da ONU declarou hoje que
Felicien Kabuga, de 80 anos, alegado financiador do genocídio de 1994 no
Rwanda, "está inapto" e, portanto, não irá ser julgado.
O tribunal disse que os juízes consideram que Kabuga "é
incapaz de participar de forma significativa no seu julgamento e que é
altamente improvável que ele regresse a uma boa condição (de saúde) no
futuro", de acordo com um comunicado.
O tribunal, com sede em Haia, disse estar a procurar uma
alternativa "que se assemelhe tanto quanto possível a um julgamento, mas
sem a possibilidade de condenação".
Em Março, os juízes suspenderam o julgamento de Kabuga, depois
de o tribunal ter recebido um relatório médico independente sobre a aptidão do
suspeito para ser julgado.
Na abertura do julgamento de Kabuga, em Setembro de 2022, os
promotores acusaram-no de desempenhar um papel fundamental no genocídio,
incluindo a entrega em massa de catanas e a administração da famosa Radio
Télévision Libre des Mille Collines (RTLM), que transmitiu apelos para o assassínio
de tutsis.
O antigo empresário, de 88 anos, recusou-se a comparecer em
tribunal ou remotamente no início do julgamento, e depois participou por
videoconferência, sentado numa cadeira de rodas, a partir da Unidade de
Detenção da ONU em Haia.
Kabuga encontra-se na prisão da ONU em Haia desde a detenção em
2020, perto de Paris, depois de 25 anos em fuga. É acusado de ter participado
na criação da milícia hutu Interahamwe, o braço armado do genocida hutu.
Em concreto, Kabuga enfrenta as acusações de genocídio,
incitação directa e pública à prática de genocídio, e crimes contra a
humanidade, incluindo perseguição e extermínio.
No espaço de alguns meses, o massacre de motivações étnicas fez
mais de 800 mil mortos, segundo as Nações Unidas, principalmente entre a
minoria tutsi. ANG/Angop
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