Riade/EUA dão 149 milhões de dólares para
fundo de 601 milhões para combater Estado Islâmico
Bissau, 08 Jun 23 (ANG) – O chefe da
diplomacia dos EUA anunciou hoje cerca de 149 milhões de dólares (quase 139
milhões de euros), para um fundo, com 601 milhões, destinado a combater o grupo
‘jihadista’ Estado Islâmico e estabilizar a Síria e o Iraque.
"Hoje
anunciamos uma meta de financiamento para a Campanha de Compromisso de
Estabilização de pouco mais de 601 milhões de dólares. […] Os Estados Unidos
comprometem 148,7 milhões para esse fundo”, anunciou Antony Blinken, numa
reunião da coligação internacional contra o Estado Islâmico, integrada por 84 Estados-membros,
na capital da Arábia Saudita, Riade.
Blinken
afirmou também que a guerra contra o grupo terrorista “não acabou” e para uma
derrota definitiva é preciso "ajudar a estabilizar o Iraque e a
Síria", apoiando planos de desenvolvimento económico, já que a organização
extremista se alimenta de "desesperança" devido à "insegurança,
a difícil situação humanitária e a escassez de oportunidades económicas".
O
secretário de Estado norte-americano exigiu ainda que os governos
internacionais tomem medidas para repatriar os alegados ‘jihadistas’
estrangeiros e familiares que ainda estão detidos em campos de refugiados e
centros de detenção na Síria e no Iraque, sob a premissa de que não o fazer
pode contribuir para o ressurgimento do grupo terrorista.
Blinken
considerou crucial que sejam dados passos nesse sentido, na medida em que cerca
de 2.000 dos 10.000 membros do Estado Islâmico presos em território sírio ou
iraquiano não têm nacionalidade de nenhum daqueles dois países.
“O
fracasso em repatriar combatentes terroristas estrangeiros aumenta a
possibilidade de que eles possam pegar em armas novamente e ajudar o Estado
Islâmico a restaurar o seu chamado 'califado', aterrorizando comunidades que
agora estamos a tentar estabilizar e reconstruir e ameaçando até mesmo os
nossos próprios países", apontou.
Só no
campo de Al Hol, na Síria, há cerca de 500.000 deslocados, a maioria mulheres e
crianças.
Metade
das crianças tem menos de doze anos, pelo que não conhecem outra realidade que
não a atual, que começou após a eclosão da guerra na Síria em 2011.
Para
Antony Blinken, “deixar aquelas crianças nos acampamentos condena-as a uma vida
marcada pelo perigo, pela ausência de cuidados básicos de saúde, pela ausência
de educação, pela ausência de esperança”, insistindo que a sua repatriação é
"a única solução duradoura".
A
Arábia Saudita e os Estados Unidos organizaram esta conferência para, entre
outros assuntos, pedir aos países que repatriem os seus cidadãos dos campos de
refugiados, que estão sobrelotados há quatro anos, bem como dos centros de
detenção que estão sob a administração curda, um aliado de Washington.
O
Estado Islâmico foi derrotado territorialmente em 2019 na Síria, mas os Estados
Unidos e outros países temem que, se não houver repatriações dos estrangeiros,
eles se rearmem novamente a partir de seus próprios campos e centros de
detenção.
Nos
últimos anos houve inúmeros incidentes em ambos os países, desde motins nas
prisões onde os homens ‘jihadistas’ são mantidos, até assassinatos e
contrabando nos campos, onde são encontradas mulheres e crianças familiares de
membros do Estado Islâmico.
Hoje
é o último dia de uma visita de 72 horas do chefe da diplomacia dos EUA à
Arábia Saudita, na qual se encontrou com o primeiro-ministro saudita e príncipe
herdeiro Mohamed bin Salman, em Jeddah, e participou numa reunião com
representantes do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), em Riade, numa altura
em que se receia que os EUA estejam a perder gradualmente influência na região,
a favor da China. ANG/Lusa
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