Israel/Autoridades reconhecem a soberania de Marrocos sobre o
Saara Ocidental
Bissau, 18 Jul 23 (ANG) - Israel reconheceu oficialmente a soberania de Marrocos sobre o Saara Ocidental na segunda-feira, segundo informação avançada pelo gabinete da casa real alauita em comunicado, no qual confirma que rei Mohammed VI recebeu uma carta do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Esta manobra política é uma tentativa de Tel Aviv de se reaproximar de Rabat após vários meses de “relações frias”.
Esta informação foi confirmada pela diplomacia marroquina nas
redes sociais: "Sua Majestade Mohammed VI recebeu uma carta do primeiro-ministro Benyamin
Netanyahu, que chamou a atenção do rei para a decisão do Estado de Israel de
reconhecer a soberania de Marrocos sobre o território do Sahara Ocidental.”
Neste mesmo comunicado, a diplomacia marroquina informa que Israel
também sublinhou que esta decisão será "transmitida às Nações Unidas, às organizações regionais e internacionais
de que Israel é membro e a todos os países com os quais Israel mantém relações
diplomáticas". Na
sua carta, o Primeiro-Ministro israelita informou que o seu país está a
examinar positivamente "a abertura de um Consulado na
cidade de Dakhla", como parte da implementação desta
decisão de Estado.
Esta posição inscreve-se nos esforços diplomáticos de Washington
para que os Estados do Golfo e do África normalizassem as relações com Tel
Aviv, através dos Acordos de Abraão,
anunciados em Agosto, mas assinados oficialmente em Setembro de 2020 entre os Estados Unidos, os
Emirados Unidos e o Bahrein. Em Dezembro foi a vez do Sudão e de Marrocos
assinarem este acordo. Na época a administração de Donald Trump reconheceu a
soberania marroquina sobre o Saara como moeda de troca para que o reino
cherifiano aceitasse a reaproximação com o Estado hebreu.
Desde a normalização das relações entre as capitais, múltiplos
acordos bilaterais foram assinados nos sectores do turismo, da economia e da
defesa. Não obstante, Rabat e Tel Aviv vivem nos últimos meses um esfriar das
relações, devido à pressão popular exercida pelos cidadãos marroquinos que se
opõem à decisão do governo, que forçam a diplomacia marroquina a equilibrar a
sua postura.
Nesta senda, Rabat condenou com veemência a “colonização, a repressão e a violência israelita contra os palestinianos”.
Posteriormente, Marrocos também renunciou a sediar o Fórum de Neguev, uma cimeira que reuniria os Estados
Unidos, Israel e os demais países árabes em Junho.
Esta manobra política de Netanyahu é uma sinalização de que está
disposto a reviver as relações entre os dois países, e que pretende contar com
o apoio do governo marroquino num futuro próximo.
Desde o retorno do antigo império cherifiano à União Africana em
2017, cuja participação foi suspensa pela inclusão por parte da organização
continental do Saara Ocidental, Marrocos opera uma nova estratégia geopolítica
que almeja obter o reconhecimento da sua integridade territorial. ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário