Nova Iorque/Guterres
propõe Nova Agenda de Paz para mundo que vive “numa encruzilhada”
Bissau, 21 Jul 23 (ANG) – O secretário-geral da ONU apresentou
hoje a 'Nova Agenda de Paz', um documento que propõe medidas para resolver e
prevenir conflitos num mundo que vive “numa encruzilhada”, em plena transição
para uma ordem mundial ainda por determinar.
"Estamos agora num
ponto de inflexão. O período pós-Guerra Fria acabou", destaca António
Guterres no documento que prevê um sistema multipolar, mas "cujos
contornos ainda não foram definidos".
Segundo Guterres, “neste
momento de transição, as dinâmicas de poder tornaram-se cada vez mais
fragmentadas à medida que novos polos de influência surgem, novos blocos
económicos são formados e os eixos de disputas são redefinidos”.
“Há um aumento da
competição entre as grandes potências e uma perda de confiança entre o Norte
Global e o Sul Global. Diferentes estados estão a tentar cada vez mais reforçar
a sua independência estratégica, ao mesmo tempo em que tentam contornar as
linhas divisórias existentes”, sublinhou.
Nesta conjuntura, alerta
o diplomata português, espera-se uma maior “competição geoestratégica nas
próximas décadas”, com mais conflitos, novos recordes de gastos militares e uma
erosão dos acordos de controlo de armas e gestão de crises que ajudaram a
manter a estabilidade no passado.
"A sua
deterioração, quer em escala global quer regional, aumentou a possibilidade de
confrontos perigosos, erros de cálculo e espirais de escalada. O conflito
nuclear voltou a fazer parte do discurso público", pode ler-se no
documento.
A somar a estas
circunstâncias há a ameaça de novas tecnologias como a Inteligência Artificial
e o seu possível uso na esfera militar, realça ainda.
Como resposta, Guterres
propõe o reforço da prevenção de conflitos como primeiro pilar da sua
estratégia, com mais investimento no combate às situações geradoras de insegurança
e na identificação o mais rapidamente possível de possíveis situações de
tensão.
O líder da ONU também
defende o fortalecimento das operações de manutenção da paz das Nações Unidas e
a sua cooperação com outras organizações para o envio de forças desse tipo.
Também pede uma melhoria
na arquitetura internacional, a começar por uma reforma do Conselho de
Segurança que facilite a obtenção de consensos e decisões mais democráticas.
Entretanto, Guterres
considera essencial estabelecer mecanismos para proteger o ciberespaço, proibir
sistemas de armas autónomos ou negociar regras para evitar uma corrida ao
armamento no espaço sideral.
As suas propostas foram
enviadas esta quinta-feira aos Estados-membros, que planeiam analisá-las nos
próximos meses.
A ONU, segundo fontes da
organização, espera que alguns dos elementos sejam incluídos no Pacto para o
Futuro, que os países esperam aprovar numa cimeira em setembro de 2024.
ANG/Lusa
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