Bruxelas/Borrell acusa Rússia de estar a
provocar crise alimentar mundial
Bissau, 20 Jul 23 (ANG) - O alto
representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, acusou
hoje a Rússia de estar a provocar uma crise alimentar global ao atacar de
forma perversa silos de cereais no porto de Odessa.
"Pela
terceira noite, a Rússia bombardeia e destrói a infraestrutura portuária de
Odessa [Mar Negro] e os silos de cereais. Arderam 60 mil toneladas de grão. [A
Rússia] não só abandonou o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos como
está a queimar [a produção]", disse o chefe da diplomacia da União
Europeia antes da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco
europeu.
Para
Borrell, as ações russas contra a Ucrânia podem provocar o risco de
"uma enorme crise alimentar em todo o mundo".
"Se
estes grãos não se armazenam e se destroem, significa que pode ocorrer uma
escassez de alimentos, de cereais, a nível global", alertou Borrell, após
afirmar que os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia vão
abordar a questão com o homólogo ucraniano, Dmitri Kuleba, através de
videoconferência.
As
autoridades ucranianas atribuem os ataques contra a infraestrutura portuária em
Odessa à recente saída da Rússia do acordo de exportação de cereais.
Para
regressar ao pacto, Moscovo pede a retirada das sanções sobre a exportação de
cereais e fertilizantes russos para os mercados internacionais, assim como a
eliminação dos obstáculos impostos aos bancos russos e a ligação
"imediata" ao sistema de transferências bancárias SWIFT.
Neste
sentido, Borrell insistiu na resposta europeia que deve reforçar o apoio
militar à Ucrânia para ajudar Kiev a defender-se dos ataques russos.
"Os
ataques de grande escala destas últimas três noites requerem, da nossa parte,
uma resposta. A resposta só pode ser uma. Além da retórica, proporcionar mais
recursos militares", declarou.
Neste
momento, segundo a EFE, discute-se a proposta sobre a aplicação de 20 mil
milhões de euros para armamento destinado à Ucrânia nos próximos anos.
À
chegada à reunião, Borrell não quis confirmar os valores da propostas afirmando
no entanto que se trata de uma "quantidade muito significativa de
dinheiro".
"A
Ucrânia não precisa de apoio mês a mês, mas sim apoio a largo prazo e um apoio
estrutural e contínuo", afirmou.
A
proposta de Borrell sobre apoios a Kiev deve começar a ser discutida nos
próximos meses sendo que vai ter de ser aprovada pelos 27 países da União
Europeia.
"Se
a pergunta foi feita aos ministros dos Negócios Estrangeiros, a resposta vai
ser mais positiva do que a dos ministros das Finanças", ironizou uma fonte
diplomática à agência espanhola EFE antes do início da reunião de hoje em
Bruxelas.ANG/Lusa
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