Moscovo/Declaração final da cimeira
Rússia/África critica "sanções unilaterais e chantagem"
Bissau, 31 Jul 23 (ANG)– A Federação Russa e Estados africanos
criticaram sexta-feira as sanções “unilaterais” e a “chantagem” sobre países
terceiros, para que as apliquem, na declaração final da cimeira Rússia/África,
que decorreu em São Petersburgo.
Os participantes na reunião acordaram em “opor-se ao uso de
medidas restritivas unilaterais ilegítimas, incluídas as (sanções) secundárias,
assim como prática de congelar as reservas soberanas de ouro e divisas” dos
países afectados, segundo o documento, publicado pelo Kremlin.
Reafirmaram também a sua condenação da “chantagem política sobre
os líderes de terceiros países para forçar a aplicação” de medidas restritivas.
Foi ainda acordada a continuação da luta “contra a prática do
confronto nos assuntos internacionais, contra o desprestígio de Estados por motivos
políticos e contra a introdução de medidas restritivas políticas ou económicas
com o pretexto de (protecção de) direitos humanos”.
Desta forma, a Federação Russa e os países africanos presentes
na cimeira de São Petersburgo prometeram opor-se às intenções de outros usarem
“acusações infundadas de violações de direitos humanos como pretexto para
interferir nos assuntos internos” de países soberanos.
Durante a cimeira, que durou dois dias e reuniu meia centena de
representantes de outros tantos países, Putin disse que a Federação Russa e
África se opõem a sanções unilaterais que prejudicam países que seguem um “rumo
independente”, e que criam problemas a nível global.
Isolada na cena internacional desde que invadiu a Ucrânia, em 24
de Fevereiro de 2022, Moscovo organizou a segunda cimeira Rússia/África
reunindo este ano delegações de 49 países africanos, incluindo 17 chefes de
Estado.
A declaração conjunta prevê o reforço da cooperação nos domínios
do abastecimento alimentar, da energia e da ajuda ao desenvolvimento.
O texto sinaliza que Moscovo ajudará os países africanos a
“obter a reparação dos danos económicos e humanitários causados pelas políticas
coloniais ocidentais”, incluindo a “restituição dos bens culturais saqueados”.
Putin disse que ainda tinha de discutir a situação na Ucrânia
com os “países africanos interessados” durante a noite.
Putin anunciou que a cimeira Rússia/África se irá realizar a
cada três anos e que será criado um “mecanismo de parceria e diálogo” para
“questões de segurança”, incluindo a luta contra o terrorismo, a segurança
alimentar e as alterações climáticas.
O Presidente russo abordou ainda a passagem progressiva para a
utilização das moedas nacionais, incluindo o rublo, nas transacções comerciais
entre a Rússia e África.
No primeiro dia de trabalhos, na quinta-feira, Vladimir Putin
comprometeu-se com entregas gratuitas de cereais a seis países africanos
durante os próximos meses, num contexto de preocupação após o abandono por
Moscovo do acordo sobre as exportações agrícolas ucranianas.
Desde há vários anos que a Rússia tem vindo a estreitar os seus
laços com África, nomeadamente através dos serviços da utilização de
mercenários ao serviço do grupo paramilitar Wagner, apresentando-se como um
baluarte contra o “imperialismo” e o “neocolonialismo” ocidentais. ANG/Angop
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