Rússia-África/ Apenas dois PR lusófonos confirmados na cimeira,
Cabo Verde ausente
Bissau,27 jul 23(ANG) - A
cimeira Rússia/África, que decorre esta semana em São Petersburgo, tem
confirmada a presença apenas de dois chefes de estado lusófonos (Moçambique e
Guiné-Bissau) e há um, Cabo Verde, que nem sequer envia representação.
De acordo com a recolha
feita pela agência Lusa junto dos países lusófonos, a Guiné-Bissau e Moçambique
estarão representados ao mais alto nível, com os Presidentes Umaro Sissoco
Embaló e Filipe Nyusi, respetivamente, enquanto Angola enviou o ministro dos
Negócios Estrangeiros, Téte António, e São Tomé e Príncipe estará representado
pelo embaixador em Lisboa, que está também acreditado em Moscovo.
Pelo contrário, Cabo Verde
não enviará qualquer representante à cimeira que junta a Rússia e os países
africanos, e que deverá ser marcada não só pela invasão da Ucrânia, mas também
pela questão do acesso aos cereais russos e ucranianos (cujas vendas a África
foram dificultadas ou mesmo suspensas devido à guerra), a presença do grupo
paramilitar Wagner em vários países africanos, e a venda de armamento.
Na semana passada, o
Presidente da Guiné-Bissau afirmou que a Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO) está preocupada com a presença de mercenários do
grupo russo Wagner na região, nomeadamente no Mali.
“Sim, estamos preocupados
com essa presença e não só”, disse Umaro Sissoco Embaló, quando questionado na
última quarta-feira sobre se a ‘troika’ criada na última cimeira de chefes de
Estado da CEDEAO para analisar e encontrar soluções para as questões de
segurança na região estava preocupada com a presença daquele grupo de
mercenários.
Para além de Moçambique e
Guiné-Bissau, estarão representados pelos Presidente a África do Sul e o Egito;
o vice-presidente da Nigéria, Kashim Shettima, e os primeiros-ministros de
Marrocos, Aziz Ajanuch, e da Argélia, Aimen Benabderrahmane.
De acordo com a agência
russa de notícias, a TASS, Putin terá reuniões individuais com os presidentes
das Comoros, Moçambique, Burundi, Zimbabué, Uganda e Eritreia.
O Presidente russo receberá
entre quinta e sexta-feira os representantes de 49 dos 54 países africanos,
incluindo 17 chefes de Estado, depois de criticar aquilo que chamou de
“pressões sem precedentes” por parte dos Estados Unidos e da França para os
países africanos não participaram.
Num artigo publicado na
segunda-feira no ‘site’ do Kremlin, o Presidente russo escreveu que “hoje, a
parceria construtiva, confiante e voltada para o futuro entre a Rússia e a
África é particularmente significativa e importante”.
Espera-se desta segunda
cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um “plano de ação até 2026”
e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a
relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na
maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.
Contudo, para Moscovo o mais
importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um
entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que
alguns condenaram nas Nações Unidas, e o fim do acordo dos cereais.ANG/Lusa
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