ONU/António Guterres diz que “governos militares não são solução” após golpes em África
Bissau, 01 Set 23 (ANG) – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse quinta-feira que “governos militares não são a solução” ao abordar a sucessão de golpes militares dos últimos meses em África, exortando à criação de “instituições democráticas credíveis”.
“Muitos
países enfrentam desafios de governação profundamente enraizados. Mas os
governos militares não são a solução. Eles agravam os problemas. Não conseguem
resolver uma crise, eles só podem piorar a situação”, disse Guterres, numa
conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.
“Exorto
todos os países a agirem rapidamente no sentido de estabelecer instituições
democráticas credíveis e o Estado de direito”, frisou.
Na
quarta-feira, o ex-primeiro ministro português já havia “condenado firmemente a
tentativa de golpe em curso” no Gabão como forma de resolver “a crise
pós-eleitoral”.
Questionado
sobre o que pode ser feito em relação à situação que África atravessa, Guterres
frisou que, por um lado, é necessário reforçar a capacidade de apoiar “as
diferentes instituições africanas, a União Africana, as diferentes organizações
regionais nos seus esforços diplomáticos para trazer paz, estabilidade e
democracia ao continente africano”.
“Mas,
ao mesmo tempo, precisamos de criar condições que permitam aos africanos
abordar as causas profundas dos problemas que enfrentam. E a mais dramática
dessas causas profundas reside na falta de desenvolvimento adequado. O
desenvolvimento é um objetivo central se quisermos criar condições para a paz e
a estabilidade em África”, defendeu.
De
acordo com o secretário-geral, se África desfrutar de mais equidade e justiça
na forma como a economia global é gerida, desfrutará também “de melhores
condições para enfrentar as causas profundas das muitas situações de
instabilidade política e, infelizmente, dos golpes de Estado”.
António
Guterres aproveitou a ocasião para anunciar a sua agenda para os próximos dias,
quando viajará para a Cimeira Africana do Clima, no Quénia, para a Cimeira
ASEAN-ONU, na Indonésia, para a Cimeira do G20, na Índia, e para a Cimeira do
G77 e da China, em Cuba.
Na
Cimeira Africana do Clima, em Nairobi, o líder da ONU abordará “duas das
injustiças mais graves da crise climática”.
“Em
primeiro lugar, os países de todo o continente africano não contribuíram com
quase nada para o aquecimento global e, no entanto, estão na linha da frente
das actuais tempestades, secas e inundações”, lembrou.
Em
segundo lugar, “muitos governos africanos lutam para investir em energias
renováveis quando recursos abundantes – energia solar, eólica, hidroelétrica e
minerais essenciais – estão à sua porta”, frisou.
“Níveis
elevados de dívida e taxas de juro elevadas dificultam o seu acesso ao
financiamento necessário. Precisamos de esforços globais para colocar África na
vanguarda da revolução das energias renováveis”, acrescentou.
De
Nairobi, Guterres partirá para a 13.ª Cimeira ASEAN-ONU na Indonésia, onde as
suas discussões centrar-se-ão, entre outros pontos, nos esforços para envolver
no diálogo todas as partes do conflito em Myanmar.
De
Jacarta, o secretário-geral viajará para Deli, para a Cimeira do G20, onde a
sua mensagem será dirigida às maiores economias do mundo, para que acelerem a
redução das emissões poluentes e apoiem os países que já estão a sofrer as
consequências de décadas de aquecimento global causado pelos combustíveis
fósseis.
Por
último, na Cimeira do G77 e da China, em Cuba, Guterres irá concentrar-se “em
colocar a Agenda 2030 de novo no caminho certo, em usar a ciência e a
tecnologia para o bem, e garantir que o multilateralismo produz benefícios para
todos os países”.
“Aguardo
com expectativa o envolvimento com os líderes globais nestas quatro cimeiras
muito diferentes, antes que o mundo se reúna para a abertura da
Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque”, acrescentou.
ANG/Inforpress/Lusa
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