Política/Presidente da República avisa novo PM que luta contra corrupção é para levar até ao fim
Bissau, 21 dez 23 (ANG) – O Presidente
guineense avisou quarta-feira, na posse do novo primeiro-ministro, Rui Duarte
de Barros, que o combate à corrupção no país “é para levar até ao fim” e que
todos os cidadãos são passíveis de serem chamados pela justiça.
“Vamos até ao fim nessa luta
contra a corrupção. Ninguém está acima da lei. Quem tomar o que é do Estado
deve ser chamado pela justiça”, afirmou Sissoco Embaló, que prometeu “lavar a
imagem” da Guiné-Bissau com essa luta.
O ministro da Economia e
Finanças e o secretário de Estado do Tesouro do Governo destituído no início do
mês encontram-se detidos na sequência de investigações em curso no Ministério
Público num processo de pagamento a empresários, que o Presidente guineense e a
justiça do país consideram envolver eventual corrupção.
Em causa está um pagamento
de cerca de nove milhões de euros que o Estado efetuou a 11 empresários
alegadamente próximos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC), que lidera a coligação vencedora das eleições de junho último.
Umaro Sissoco Embaló
salientou quarta-feira que o Tribunal de Contas está autorizado a efetuar
auditorias à utilização do dinheiro público em todas as instituições, a começar
pela presidência da República.
“Quem não concordar com a
decisão do Presidente da República que vá ao Supremo Tribunal de Justiça. Se o
tribunal se pronunciar, o Presidente pode recuar”, observou Sissoco Embaló.
O chefe de Estado guineense
frisou que o novo Governo estará sob sua alçada e que a justiça é independente
no país, avisando que “nenhum cidadão é especial”.
“O império da lei tem de
funcionar neste país e a disciplina”, salientou Embalo.
Nas redes sociais está a
circular uma carta do Procurador-Geral da República, Bacari Biai, a pedir a
autorização do chefe de Estado guineense para que Geraldo Martins, ainda na
qualidade de primeiro-ministro (cargo de que foi hoje destituído), fosse ouvido
no processo relacionado com o pagamento aos empresários.
De acordo com a carta, cuja
veracidade Bacari Biai se recusou a comentar hoje no final de uma audiência com
Umaro Sissoco Embaló, Geraldo Martins foi citado como tendo tido conhecimento
dos pagamentos.
Ao ser questionado sobre uma
alegada convocatória de Geraldo Martins ao Ministério Público, o
Procurador-Geral da República disse ter tido a anuência do Presidente no sentido
de ouvir “qualquer cidadão cujo nome for refletido” no processo dos pagamentos
aos empresários.
Bacari Biai desmentiu
tratar-se de “uma perseguição política”, sublinhando que “quem não deve não
teme”.ANG/Lusa
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