Religião/Igreja Católica aponta para desespero devido à
instabilidade no país
Bissau,20 Dez 23(ANG) - A
Igreja Católica guineense defendeu terça-feira, numa mensagem de Natal, que
"muitos já estão desesperados" com a instabilidade política no país e
que as consequências económicas e sociais da situação "já são
evidentes".
Numa mensagem do bispo de
Bissau, José Lampra Cá, e do padre Lúcio Brentegani, administrador da diocese
de Bafatá, que cobre o leste e o sul do país, a Igreja Católica exorta os
guineenses a rezarem pela paz sem perder a esperança no futuro do país.
A congregação considera que
apesar da esperança na paz, no desenvolvimento, na fraternidade e unidade
nacional que anima os guineenses, “muitos já começam a demonstrar sinais de
cansaço e de desespero”.
“Infelizmente, há quem não
quer isso, há quem não aceita que os guineenses possam viver tempos de paz num
caminho de desenvolvimento e de fraternidade”, observam os responsáveis da
Igreja Católica guineense.
Olhando pelas festividades
que marcam o mundo cristão por ocasião do Natal, os prelados católicos defendem
que “a Guiné-Bissau não quer ficar de fora desta fraternidade universal de
paz”.
A Guiné-Bissau passa por um
período de nova instabilidade política e governativa com a dissolução do
parlamento e demissão, pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, do
Governo eleito em junho passado.
O Presidente considerou
existir no país uma grave crise institucional, com foco no parlamento, na
sequência de trocas de tiros entre militares, uma situação que disse tratar-se
de uma tentativa de golpe de Estado.
Para a Igreja Católica, os
guineenses apenas esperam que haja a paz no país, embora muitos estejam já
“desesperados com a situação da instabilidade política” cujas consequências
económicas e sociais “já estão sendo sentidas”.
“Os guineenses não querem
continuar a andar em caminhos de divisão e de privilégios de alguns. As
crianças guineenses têm direito de receber um país que lhes dê a possibilidade
de um futuro melhor”, notaram os líderes católicos.
A Igreja Católica apela aos
guineenses a manterem “a chama da solidariedade acesa”, que digam a verdade,
apoiem o que deve ser apoiado e reprovem o que deve ser reprovado, sem ser
violentos nos atos e nas palavras.
“Há um bom tempo que muitos
guineenses estão com graves problemas económicos, e que poderão ser agravados
por causa destes últimos acontecimentos políticos, há famílias que não têm o
que comer”, referem os responsáveis da Igreja guineense.
De acordo com o último
recenseamento da população, cujos resultados foram publicados em 2010, os católicos
representam 17,6% de pessoas na Guiné-Bissau.ANG/Lusa
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