Energia/União Europeia constrói maior central fotovoltaica
guineense na ilha de Bolama
Bissau,29 Jan 24(ANG) - A
União Europeia, através do projeto "Ianda Guiné", em colaboração com
a Organização Não Governamental portuguesa TESE, construiu na ilha de Bolama a maior central fotovoltaica no
país, disse à Lusa fonte da ONG.
A Central é sustentada por
1.091 painéis solares de 550 watts, instalados num terreno de 6.500 metros
quadrados.
Alfredo Pais, gestor
setorial de energia da TESE na Guiné-Bissau, disse à Lusa que a central
fotovoltaica de Bolama é sustentada por 1.091 painéis solares de 550 watts,
instalados num terreno de 6.500 metros quadrados.
Esses painéis conseguem
produzir 600 kwp (quilo-watt pico, unidade de potência que caracteriza os
painéis fotovoltaicos) de energia, ainda reforçados com baterias de lítio com
capacidade para produzir 1,5 megawatts de energia que poderão alimentar a ilha
de Bolama, com cerca de cinco mil habitantes, durante 24 horas.
Para já, o projeto, em fase
de testes, instalou 12 quilómetros de cabos elétricos em toda a cidade de
Bolama, a partir dos quais algumas zonas do centro histórico já têm iluminação
pública.
Capital da então Guiné
Portuguesa até 1941, Bolama, como a maior parte das cidades do interior da
Guiné-Bissau, depara-se com um fornecimento deficitário de energia elétrica há
vários anos.
A central fotovoltaica,
construída com um financiamento total da União Europeia, de cerca de três
milhões de euros, aguarda apenas pela indicação do Governo guineense para
arrancar com o fornecimento de energia à população.
Além da central de Bolama,
que Alfredo Pais considera "o grande projeto" da ação "Ianda
Guiné", na sua componente "Lus ku Iagu" (Luz e Água), em que
intervém a TESE, a iniciativa está também a intervir no domínio da água em
Mansoa, Encheia e Sansanbato, localidades no norte da Guiné-Bissau.
A "Ianda Guiné" é
uma iniciativa da União Europeia que visa promover soluções conjuntas com as
comunidades para os seus problemas e que lhes possam trazer oportunidades
económicas.
Alfredo Pais observou que,
do ponto de vista técnico, a central de Bolama "já está preparada".
Numa primeira fase, a
central vai fornecer energia a cerca de 550 clientes, num preço ainda por
definir entre os gestores da infraestrutura, notou Pais.
"Tentamos enquadrar
isso com os rendimentos dos agregados familiares e, a partir daí, dimensionamos
em função dos orçamentos disponíveis", observou ainda o técnico português,
falando em nome da União Europeia e do Ministério da Energia guineense,
parceiros do projeto.
Na Guiné-Bissau existem
alguns exemplos de projetos semelhantes ao de Bolama que falharam, por má
gestão ou por problemas de ordem técnica.
Aladje Adulai Djalo, técnico
guineense que trabalha com a TESE, não garante que a central montada na ilha
funcione sem problemas, mas afirmou que tiraram referências a partir do
passado.
"Dizer que vai
funcionar a 100% bem é complicado, mas uma vantagem que nós temos, quando se
fala desta central, é que já temos referência de outras centrais",
observou Adulai Djaló.
A energia ainda não chegou
às casas, mas a população de Bolama já antevê melhorias nas suas vidas,
nomeadamente ao nível do comércio, atividades escolares noturnas e segurança
pública.
Foi o que disse à Lusa,
Paulo Gomes, 68 anos, nascido e criado em Bolama, mas que praticamente deixou
de ver energia elétrica na ilha desde que os portugueses deixaram a
Guiné-Bissau em 1975, notou.
"Na época colonial
havia energia em todo o lado", observou Gomes, para quem a energia
elétrica da nova central vai potenciar o desenvolvimento de Bolama, "a
região mais atrasada" da Guiné-Bissau.
Dala Baldé, 23 anos, deixou
Bissau para tentar formar-se como professora na escola de formação de docentes
que existe em Bolama. Até aqui, a jovem estuda através da luz do seu telemóvel
e espera mudar essa realidade brevemente, relatou à Lusa.
O problema de Dala Baldé é
saber se vai ter dinheiro suficiente para comprar a energia a ser vendida pela
central fotovoltaica.
"Estudo com o meu
telemóvel (...), porque onde eu moro não temos energia elétrica. Se o projeto
lançar a sua energia, não terei condições para pagar a minha renda [de casa],
comprar comida e depois pagar a energia elétrica", disse Baldé.
A jovem aproveitou para
lançar um apelo às autoridades do país, enfatizando o facto de que
"estudar à luz de vela dá problemas na vista".
Dono de um dos poucos
restaurantes e albergues na ilha, Nguabi Júnior esfregou as mãos de
contentamento com a chegada da energia elétrica que, disse, vai trazer também
mais turistas, investidores e novos projetos de desenvolvimento local.ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário