Etiópia/Mais de 860 pessoas morreram de fome em quatro meses no norte da Etiópia
Bissau, 19 Jan 24(ANG) - Mais de 860 pessoas morreram de fome
nos últimos quatro meses do ano passado, no norte da Etiópia, na região do
Tigray, devastada pela guerra entre 2020 e 2022, anunciaram hoje as autoridades
regionais.
"A fome em Tigray já ceifou mais de 860 vidas",disse à agência de notícias EFE o chefe da Comissão de Gestão de Riscos de Desastres de Tigray, Gebrehiwot Gebre-Egziahber, citando um estudo concluído em Dezembro.
De acordo com
Gebrehiwot, o estudo foi realizado por profissionais que seguiram métodos de
padrão internacional apoiados por tecnologia GPS, que identificou com precisão
cada morte em cada local específico.
Os dados foram enviados
para o Centro de Coordenação de Emergência (CCE) da região e para as Nações
Unidas (ONU), afirmou.
Mais de dois milhões de
pessoas estavam em risco devido à seca que afetou cerca de 57.300 hectares de
terra e cerca de 114.400 agregados familiares, segundo o estudo.
Grande parte da região
continua sob o controlo de forças externas, nomeadamente das tropas da
Eritreia, o que complicou a crise humanitária em Tigray, uma vez que as zonas
continuam inacessíveis e fora do alcance de qualquer forma de assistência,
referiu o chefe da comissão.
"Dada a situação
atual, instámos o Governo federal e a comunidade internacional a responder
rapidamente e a ajudar as pessoas afetadas pela fome, mas ainda não recebemos
uma resposta", acrescentou Gebrehiwot.
O presidente da
Administração Provisória de Tigray, Getachew Reda, em 29 de Dezembro, voltou a
pedir ao Governo etíope e à comunidade internacional para responderem
rapidamente a "uma nuvem negra de fome e morte" que paira sobre a
região, ao declarar que 91% da população em Tigray corria risco de "fome
ou morte".
Em 30 de Dezembro, o
ministro dos Serviços de Comunicações da Etiópia, Legese Tulu, rejeitou a
declaração de Tigray, afirmando que ninguém morreu de fome em nenhuma região da
Etiópia, excepto devido à interrupção do fornecimento de ajuda humanitária.
"Não é apropriado
relacionar política e ajuda humanitária", criticou Legese.
A Etiópia tem enfrentado
inundações e chuvas torrenciais que atingiram partes do sul do país nos últimos
meses devido ao fenómeno meteorológico El Niño, bem como uma seca persistente
no norte.
A guerra de Tigray
começou em 04 de Novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy
Ahmed, ordenou uma ofensiva contra a então governante Frente de Libertação do
Povo de Tigray (TPLF), em resposta a um ataque a uma base militar federal e à
escalada das tensões políticas.
Pelo menos 600 mil
pessoas foram mortas durante a guerra em Tigray, de acordo com o mediador da
União Africana, o antigo Presidente nigeriano Olusegun Obasanjo.
Embora Adis Abeba e a
TPLF tenham assinado um acordo de paz em 02 de Novembro de 2022, a Human Rights
Watch (HRW) e organizações locais alertaram em Novembro de 2023 para o facto de
a violência e os abusos continuarem em Tigray por parte de soldados da vizinha
Eritreia, um aliado do Governo etíope. ANG/Angop
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