segunda-feira, 1 de julho de 2019

Migração


         Capitã de navio humanitário Sea Watch é presa ao ancorar na Itália
Bissau,01 Jul 19(ANG) - A capitã de navio humanitário que resgata migrantes no Mediterrâneo foi presa  sábado (29) ao ancorar na Itália.
O Sea Watch entrou  madrugada no porto da ilha de Lampedusa, com 40 migrantes a bordo.
A capitã Carola Rackete, de 31 anos, ignorou o bloqueio das águas territoriais italianas imposto pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, de extrema direita. Ela foi imediatamente detida ao chegar em Lampedusa.
 O próprio Salvini solicitou publicamente a prisão de Rackete e do restante da tripulação do Sea Watch por ajudar a imigração clandestina, assim como o sequestro do navio.
Segundo a imprensa italiana, Carola Rackete é acusada de “resitência a um navio militar” e pode ser condenada a até 10 anos de prisão.
Depois de algum tempo de espera a bordo, os migrantes puderam finalmente desembarcar na manhã de sábado. Eles foram levados para um centro de acolhida para refugiados de Lampedusa. Salvini informou pelo Twitter que todos os migrantes serão enviados a outros países europeus que aceitaram recebê-los.
O diretor Sea Watch Johannes Bayer, escreveu no Twitter que a ONG está orgulhosa da capitã, que fez o que era necessário, “insistiu no direito marítimo e colocou estas pessoas em um local seguro".

Inicialmente, a polícia marítima italiana havia ordenado que o navio permanecesse a uma milha náutica do porto. Na sexta-feira (28), Rackete manteve contato permanente de vídeo com jornalistas em Roma, quando denunciou uma situação "incrivelmente tensa" a bordo do Sea Watch. Ela contou que a maioria das pessoas resgatadas são vítimas de traumas, que sofreram abusos e violências e que estão muito angustiados por seu destino.
Um migrante de 19 anos com fortes dores e seu irmão pequeno tiveram que ser retirados da embarcação na quinta-feira (27), por motivos médicos. Os outros resgatados dormiam no convés do navio, sobre salva-vidas infláveis e sob barracas improvisadas para se proteger da onda de calor que atinge toda Europa.
O Sea-Watch, com bandeira holandesa, estava há duas semanas bloqueado em águas internacionais.     Ele resgatou em 12 de junho um grupo de 53 migrantes que se encontravam à deriva em um bote inflável, na costa da Líbia.
Onze pessoas que corriam risco de vida foram recuperadas pela guarda-costeira italiana, mas Salvini proibiu a entrada do navio, de bandeira holandesa, em águas territoriais do país. Na quarta-feira (26), Rackete decidiu que não haveria outro remédio a não ser violar a proibição e salvar os migrantes restantes.
Há um ano, Salvini ordenou o bloqueio dos portos para conter o fluxo de imigrantes em situação irregular na costa da Itália. A Procuradoria de Agrigento, na Sicília, abriu uma investigação contra a capitã por tráfico ilegal de seres humanos e a notificação foi entregue pessoalmente na sexta-feira por agentes da Guarda de Finanças, que na véspera haviam revistado toda a embarcação.
"Violamos a lei porque a Líbia não é um porto seguro para desembarcá-los, porque lá estão em guerra. Estou segura de que a justiça italiana reconhecerá que a segurança das pessoas é mais importante que as fronteiras nacionais", explicou a capitã.
Salvini exigia que as pessoas resgatadas no mar fossem levadas para a Holanda, bandeira do Sea Watch, ou para a Alemanha, sede da organização humanitária. O líder da Liga acusou paradoxalmente a organização alemã de "fazer política" com a vida dos migrantes. ANG/RFI



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